sexta-feira, 11 de setembro de 2009

POR ONDE ANDARÁ O PADRE ORLANDO?



A ação missionária cria laços que transpassam a racionalidade dos preceitos canônicos impostos pelos príncipes da Igreja. Os laços convertem-se em pactos na perspectiva de se construir uma sociedade igualitária à luz dos mandamentos da prática do Cristo libertador capaz de converter os covardes em guerreiros e os arrogantes em humildes na chama das bem-aventuranças, mobilizando homens, mulheres e crianças a participarem do movimento redentor em prol de uma cultura de paz sob a luz da Justiça.

Semeado o verbo na cultura dos homens, o missionário compromete-se com o futuro das sociedades encarnando a mensagem Evangélica de se tornar um entre eles e como fermento crescer a massa para distribuir o pão na liturgia da Eucarística identificada pela reciprocidade e gratuidade vivida no fervor das comunidades tementes a Deus.

Orlando Barbosa, missionário diocesano da arquidiocese de Manaus, vivia em função do seu ideal sacerdotal. Jovem, exercia a função de pároco da Colônia Antonio Aleixo, na Zona Leste de Manaus, cumprindo com determinação e afinco a missão de Cristo junto aos famintos e sedentos da palavra de Deus, despojando-se de quaisquer caprichos que por acaso viesse ofuscar a beleza salvífica de redimir o pecado do mundo, louvando a vida em sua plenitude.

Por acreditar nesse projeto e por arrebanhar homens, mulheres e crianças para essa missão, padre Orlando abraçou a causa dos expropriados e injustiçados, buscando juntos encorajá-los no exercício do direito e da cidadania à luz da doutrina social da Igreja. Sua atitude inquietava não só os poderosos do Lago do Aleixo, mas até mesmo segmento da Igreja que ainda hoje recorre aos favores dos poderosos palacianos para justificar seu comportamento quixotesco de tirar dos ricos para dar aos pobres sem transformar das estruturas sociais.

Agora, por onde andará o padre Orlando? Divorciado de seus amigos e comunitários, irmãos em Cristo, o padre vagueia em busca de abrigo acalantando dor e injustiça. Ameaçado de morte pelos executivos das Lajes, segundo noticiário da imprensa local, empresa que pretende construir um Porto nas imediações do nosso Encontro das Águas, padre Orlando escafedeu-se, sendo mandado por Dom Luiz Soares a servir em outra freguesia, talvez na região de Cucuí, no alto rio Negro ou quem sabe voltado para Mato Grosso do Sul. O fato é que todos perguntam pelo paradeiro do padre uns talvez para matá-lo outros para celebrar encontros traduzidos em solidariedade e fraternidade.

Mas, onde estiver o padre Orlando saberá cumprir com sua missão, semeando justiça. O NCPAM, por sua vez, solidariza-se não só com o padre Orlando, mas com todas as lideranças que sofreram constrangimentos e outras formas de intimidação frente às ameaças dos poderosos, particularmente, se tratando da luta contra a construção do Porto das Lajes e da revitalização do Lago do Aleixo. Eles podem até matar, comprar e aliciar, mas não destroem o animo de lutar do povo contra as injustiças sociais e a depredação do nosso meio ambiente.

Nenhum comentário: