terça-feira, 1 de setembro de 2009

JUSTIÇA É O GRITO DOS COMUNITÁRIOS DO ALEIXO

As culturas populares são ricas em suas variadas representações, comparando e ajuizando os homens e suas relações sociais a partir de seus universos simbólicos, formulando e construindo valores e regras para balizar direção moral e política de suas vidas e das organizações sociais, expressando indignação quando ameaçadas, bem como satisfação e contentamento, quando reconhecidas em suas lutas sociais.

As comunidades do Lago do Aleixo, na zona leste de Manaus, têm participado ativamente do doloroso combate contra a construção de um Terminal Portuário nas imediações do nosso complexo Encontro das Águas, que segundo o escritor Fernando Sabino, que por aqui passou e contemplou tamanha beleza, fez questão de anunciar ao mundo tal magnitude, exclamando que:


Tudo aqui parece encerrar um sentido simbólico; os rios, as florestas, os animais e as plantas, os próprios homens. Aqui a natureza nos dá a sensação vertiginosa de que um dia fomos deuses. Aqui a alma se expande até perder-se no vazio onde o espaço e o tempo se confundem, para harmoniza – tempo e espaço, civilização e natureza, homens e deuses – numa perfeita integração.


No entanto, os poderosos, que são insensatos e predadores, querem por todo custo econômico, social, ambiental, histórico e cultural, privatizar esse bem, em nome da racionalidade logística do capital, segundo expressa a Federação da Indústria do Estado do Amazonas em nota à imprensa, justificando que “a implantação do Terminal Portuário das Lajes é resultado de uma discussão e demanda do sistema portuário-logistico do modelo industrial e comercial vigente na capital do Amazonas, onde é gerada mais de 90% da economia do Estado”.

À luz da prática cumulativa e excludente do modelo em questão até se compreende. No entanto, a Zona Franca de Manaus, Agência do nosso desenvolvimento regional, é signatária de novos paradigmas de desenvolvimento prescritos nos tratados internacionais do qual o Brasil é signatário, exigindo dos empreendedores alinhamento às políticas de racionalidade e valorização do meio ambiente, na perspectiva do desenvolvimento humano.


Por quanto, o doloroso combate resulta na truculência armada que os empreiteiros da empresa Log in Logística Intermodal no Amazonas estão fazendo contra as lideranças locais, assaltando seus bens e ameaçando suas vidas, visando proveito imediato quanto ao desmonte do movimento social que se integra ao grito dos oprimidos e excluídos.


Contudo, como bem disse o líder comunitário Isaque Dantas, recém eleito pelos moradores da Colônia Antônio Aleixo, destituindo o poderio da empresa Log-In junto aos comunitários menos atentos, “a luta do nosso povo é para se criar novas oportunidade de trabalho digno, visando garantir a sustentabilidade de nossas comunidades”.

Portanto, pergunta-se: “isso é crime, estamos errado... senão por que eles querem dominar tudo e se apoderar das nossas almas? Mas, nós somos muitos e a nossa alma é como o Encontro das Águas, que se funde no corpo para alimentar força e coragem contra essa gente graúda que tem fome de destruição”, conclui Isaque, presidente da Associação dos Moradores da Colônia Antonio Aleixo, manifestando também sua solidariedade ao padre Orlando Barbosa e demais militantes ameaçados de morte pelo poderio econômico da empresa Log-In Logística Intermodal.

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