sábado, 2 de outubro de 2010

APROPRIAÇÃO INDÉBITA DA AMAZÔNIA

O tema é recorrente, devendo ser exposto para que se repense a matriz conceitual do discurso da tal responsabilidade social e ambiental. Para isso, basta deslocar o foco do empreendimento para a prática empresarial e em seguida manifestar sua indignação contra a farsa de algumas empresas que se aliaram com grupos provincianos locais visando aparelhar o Estado aos interesses privados.

Na onda verde, as indústrias e as empresas de serviços, assim como o Bradesco e a Log-In Logística Intermodomal, entre outras, se apropriam da marca Amazônia, visando à acumulação e multiplicação do capital desses empreendimentos, contrariando interesses coletivos dos moradores dessa região.

Com essa determinação agem como ave de rapina, satisfazendo seus apetites vorazes em detrimento dos valores culturais e ambientais constitutivos da identidade de nossa gente. Para esses “cartolas do verde” tudo é possível e as leis passam ser apenas um detalhe a ser convertido em facilidades em conluio com os agentes públicos, respeitando as exceções.

Exceções essas que salvam as regras. É caso da luta dos manauaras encabeçada pelos moradores da Colônia Antonio Aleixo, da zona leste de Manaus, que se levantaram contra a construção do Porto das Lajes, apelidado também de Porto Verde pela Log-In Logística Intermodal, que vem sendo representada em Manaus pela Lajes Logística S/A.

Não satisfeitos e indiferentes a luta dos manauaras contra a depredação das Lajes e do Encontro das Águas, a Log-In, bancada pelo capital da BOVESPA e da Companhia Vale do Rio Doce, se apropriou da marca Amazônia, mas precisamente de sua bacia hidrográfica, que é a maior do Brasil para batizar o seu mais novo cargueiro de Log-In Amazônia, do mesmo modo que fez em relação ao pantanal. O Curioso é que essa empresa em seu Estatuto, não contempla sequer nenhuma Diretoria voltada à questão ambiental. Trata-se apenas de verniz deslocado de qualquer proposta sustentável.

A empresa Log-In, assim como chamou cinicamente o Porto das Lajes de Verde, resolveu também, segundo sua assessoria de imprensa, buscar na maior bacia hidrográfica do Brasil e na região que concentra espécies únicas da flora e da fauna a inspiração para batizar seu mais novo cargueiro como: Log-In Amazônia.

O porta contêineres mede 183 metros de comprimento, tendo a capacidade nominal de 1.700 TEUs (contêineres). Composto com Três guindastes com capacidade máxima de 45 toneladas, dando autonomia a empresa para a movimentação de contêineres mesmo em portos com poucos recursos de equipamentos, porque o calado máximo de 10 metros assegura a navegabilidade em qualquer porto brasileiro, inclusive na região Amazônica.

Segundo a empresa, “o Log-In Amazônia é dotado dos mais modernos equipamentos de navegação e de comunicação, garantindo total segurança em suas operações. Com uma tripulação brasileira, experiente e treinada. Foi feito com tecnologia de ponta e os motores com baixa emissão de gases poluentes refletem a preocupação da Log-In com o meio ambiente”.

O Log-In Amazônia atuará no serviço de navegação costeira, interligando os principais portos do Brasil e do MERCOSUL. “Junto com o Log-In Pantanal, o navio representou um investimento de R$ 182 milhões, ampliando a nossa capacidade na navegação em 75%. E isso é só o começo dos investimentos da Log-In. Ainda este mês iniciaremos a construção dos nossos cinco novos navios”, conclui a nota.

Para a Log-In, que conta com o apoio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e do governo do Estado do Amazonas, a construção do Porto das Lajes é certa como dois e dois são quatro ou apenas um balão para deslocar o foco para outros investimentos fora do protocolo oficial.

Passada as eleições novos elementos teremos para compor nossa história em defesa da Amazônia e da sustentabilidade de nosssa gente. O tema é recorrente mas a indignação é presente e mobilizadora. Pelos 2 anos do movimento S.O.S Encontro das Águas.

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