sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PRAZER DE LER

Ellza Souza (*)

O livro também tem seu dia. Hoje é o dia nacional do livro. Isso é bom porque nos faz pensar que a leitura não está fora de moda. Ao contrário precisamos ler cada vez mais para avançarmos como sociedade. Ao falar de livro lembro de duas pessoas que amam as letras, a arte, a vida. Uma é o Tenório Telles que agora se diz meu avô e que de uma forma simples e correta faz grandes crônicas sobre o seu cotidiano. Tenório escreve, ensina, incentiva, faz o que pode pela literatura. A vida e o livro foram feitos para serem “traçados” não pelas traças mas por nós mesmos. E você é como uma “tracinha” que nunca abandona as páginas de um livro. A benção vovô pelo seu dia como grande escritor que você é.

A outra pessoa é o pintor-escritor Moacir Andrade pelo qual tenho também uma grande admiração. Moacir é um leitor voraz no qual os jovens da era do computador devem muito se espelhar.

Para Moacir, o ato de ler “representa um dos grandes prazeres do ser humano, assim como o sexo”. A sensação prazerosa até passa “mas fica o conhecimento, a informação, a vontade de ler cada vez mais”, diz o famoso leitor. No seu ateliê onde se mistura aos pincéis e tintas até hoje, aos 83 anos, se encontram espalhados por todo canto muitos livros. O que importa para o artista é entre uma tela e outra a leitura de um bom livro, onde Moacir Andrade aguça sua memória e retira a criatividade para sua arte. “Humano, demasiado humano” do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, publicado em 1878, é um dos livros que o pintor amazonense Moacir Andrade leu recentemente.

No Brasil apenas 1% das pessoas com mais de 70 anos, lê. E os homens lêem menos que as mulheres. É a vista, é a impaciência, é a falta de costume, é o preconceito. “Livrinho na mão é coisa de mulher”. Mas para quem chega lá, lendo, não tem possibilidade de a memória enferrujar. Leia devagar, superando os limites próprios do tempo ou peça para alguém ler pra você, o que terá dupla vantagem, pois duas pessoas serão beneficiadas com o prazer da grande viagem que é a leitura de um bom livro.

Moacir adora ler. É incrível, mas quantas vezes ao visitá-lo o encontrei com um livro na mão. E não é qualquer livrinho não. Ele gosta de livros sobre a história do Brasil e da humanidade. Ele adora livros de muitas páginas. Desses que os jovens querem distância. Por essas e outras leituras o pintor / leitor sabe contar as histórias de sua existência como ninguém. Lembra dos fatos, das pessoas, dos nomes, dos lugares e assim passa para gerações futuras a sua própria história, a sua experiência. Com fotos, com objetos, com recortes de jornais, com pinturas e com relatos. Só precisa quem o escute. O pintor Moacir resolveu isso muito bem escrevendo seus próprios livros de histórias. Dentre eles o lindo “Manaus - ruas, fachadas e varandas”. Um resgate da cidade do seu tempo.

Parabéns a todos que ainda "traçam" os livros com amor.

(*) É escritora, jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.

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