domingo, 10 de outubro de 2010

E AS MULHERES COM SEUS CABELOS E BOLSAS

Ellza Souza (*)

O pequeno ônibus alternativo estava lotado. Passei a observar as mulheres. Me chamou a atenção os cabelos dessas mulheres. A maioria longos, alisados, pretos mas quase sempre presos nos mais variados coques ou cocós. Quase sempre o que aprisiona os cabelos são as chamadas “piranhas”, coloridas e de variados formatos. As madeixas podem estar presas também por elásticos, redes e outros apetrechos que também enfeitam os cabelões. A gente sabe que é cabelão pelo tamanho do cocó.

“O peso do cabelo em tão frágeis utilidades capilares desarma o penteado que escorre cabeça abaixo como lama em morro nos dias de chuva.” (Sem esse parágrafo no email para o P. do JÔ em 05.05.09)Fico pensando: deve ser um bom negócio vender piranha e elástico de cabelo. Toda mulher usa em Manaus. Todas querem longos cabelos. Lisinhos mas enrolados no cocó. É difícil entender esse enroscado raciocínio. Ah já sei. Deve ser o calor amazônico que esquenta nuca e costas propiciando tão inventivo jeito de “arejar” essas partes do corpo da mulherada.Fiquei encantada também quando vi o tamanho das bolsas que algumas mulheres “arrastam” por entre a multidão coletiva.

Uma pequena e jovem mulher estava com uma bolsa prateada tão desproporcional ao seu tamanho que ao passar no corredor apertado do veículo, ela passou mas a bolsa não. Ficou engatada na sombrinha de outra mulher. Era dia de chuva e além das bolsas descomunais, as pessoas carregam sombrinhas, sacolas, pastas, livros, mochilas, tucumãs e cachos de banana. Não estou falando dos grandes ônibus e sim dos pequenos e apertados alternativos.

Façam um exercício de imaginação e vão imaginando as cenas.Ainda bem que as mamães das autoridades não sofrem esse tipo de aperto. Isso é coisa de pobre, de povão, que vivem aos amassos no ônibus. Também com uma passagem tão barata, veículos pra lá de novos e limpos, motoristas que obedecem as paradas e um trânsito tão organizado só me resta recomendar: mulheres, soltem os cabelões e rodem as bolsonas para ver se os governantes se ajeitam.

(*) É jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.

Nenhum comentário: