sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MAIS AMAZÔNIA NO DEBATE SUCESSÓRIO

A Amazônia tem grandes desafios a vencer nos próximos anos, mas pouco ou quase nada tem sido falado sobre os mesmos no atual debate sucessório. Infra-estrutura, meio ambiente, segurança nacional e tráfico de drogas são apenas a ponta de um iceberg de problemas que afetam fortemente a região e a condenam a permanecer como um velho subproduto do Estado Nacional. A propósito deste tema foi muito oportuna a palestra da geógrafa Bertha Becker, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, na última sexta-feira.

Professora universitária no Rio de Janeiro e, ao lado do também geógrafo Aziz Ab’saber, uma das intelectuais mais qualificadas para falar sobre a região, Bertha Becker defende que até o presente momento não houve uma política adequada para a Amazônia. No entendimento dela houve adequações locais a demandas mundiais, o que em outras palavras significa que estamos tratando a região não com os olhos da Nação Brasileira, mas com os do lobby ambientalista mundial, que se por um lado incutiu nas autoridades e na sociedade civil o necessário e urgente gosto pelo cuidado com a natureza, por outro quer nos condenar a viver das esmolas dadas pelos programas de transferência de renda.

Não é este o destino que os amazônidas desejam para si próprios. Sem uma política conseqüente que relacione na medida certa meio ambiente e desenvolvimento econômico, a opção de muitos habitantes da região foi enveredar pelos caminhos da criminalidade, num círculo vicioso que, a julgar pelo atual debate sucessório nacional, ainda vai perdurar por alguns anos. Neste aspecto de nossos problemas salta aos olhos o crescente número de pessoas sobrevivendo dentro ou no entorno do trafico internacional de drogas.

Há muito, por exemplo, as autoridades federais sabem que o Amazonas é rota internacional, mas não criaram as condições satisfatórias para combater este problema.

Por fim, e ainda nos socorrendo dos saberes de Bertha Becker, muito oportuna e digna de reflexão pelas autoridades – as eleitas e as que restaram com a missão de fazer oposição – é a proposta que ela encaminha de se fazer “a modernização da Amazônia”.

Tal proposta quer “realizar um extrativismo aliado à industrialização, serviços florestais e uma melhoria da circulação fluvial”. Se tivermos um pouco disso no futuro, já teremos um caminho para trilhar e afastar os habitantes do perigo que a criminalidade e o tráfico internacional de drogas representam.

Fonte: Editorial do Jornal A Crítica (18/10)

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