Osíres Silva (*)O Amazonas vive peculiar momento político em virtude da eleição de um próximo presidente da República coincidir com a demonstração de extraordinária força política do Governador Omar Aziz ao emergir das urnas com 62% da preferência popular.
Vitória inconteste, que lhe confere valiosos trunfos de negociação junto ao chefe da nação a ser eleito no próximo dia 31 de outubro.
Quem sabe faz a hora não espera acontecer, canta Geraldo Vandré na famosa canção. O Amazonas precisa realizar precisamente este momento e, portanto, munir-se de planos e projetos que reflitam estratégias de desenvolvimento consistentes.
Não creio em antagonismos irreconciliáveis no mundo da política, porém o grupo de Omar Aziz deve particularmente estar atento ao resultado das urnas.
Ganhe Dilma ou Serra, as negociações políticas começam de imediato. Leva vantagem quem chega primeiro, lei básica da vida.
Numa vitória do candidato oposicionista, uma possibilidade concreta, um complicador delicado se apresenta ao governo estadual. Romper barreiras políticas interpostas entre o estado e o candidato tucano, dada a inequívoca preferência do eleitorado local em relação à candidata situacionista.
O Amazonas se colocaria em oposição a um eventual governo José Serra? O que então pretende o Amazonas daqui pra frente? O desafio consiste em discutir criticamente estratégias de desenvolvimento. A começar pelo modelo Zona Franca de Manaus e os impactos da política de incentivos fiscais vigentes.
Não dá mais para conviver com brutais distorções setoriais que tornam o Amazonas refém de apenas um setor de apenas um setor, o industrial, desde que o agroindustrial mantém-se inexpressivo, e o de serviços apenas surfa na onda dos fluxos de negócios gerados pelo PIM.
Este, reconhecidamente, o ponto de maior fragilidade, o calcanhar de Aquiles da economia amazonense. Nesta direção há longo caminho a percorrer.
A questão alusiva à prorrogação dos incentivos, por razões geopolíticas – que governo teria a coragem de “acabar” com ZFM? -, torna-se secundária, evidentemente. Mesmo em relação a este aspecto, deve-se, creio, indagar: a extensão de prazo elucida questões de política econômica concernente à autossuficiência e sustentabilidade do modelo?
Para o Prof. Antônio Botelho com quem mantenho regular troca de idéias via internet a respeito do tema, a Zona Franca de Manaus deve buscar sintonizar-se a outro modelo que privilegie fortes investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e inovação tendo em vista ombrar-se a economia com as quais potencialmente mentem afinidade, tais como Coreia do Sul, Malásia e Hong Kong.
Não se pode perder o foto, por seu turno, de que a consolidação da economia amazonense e da área de abrangência da Zona Franca de Manaus (Amazônia Ocidental) pressupõe seja dado passo de qualidade amparado na exploração ampla e racional de sua biodiversidade.A anunciada estratégia de Omar Aziz, em reunião com o secretariado, de conduzir as ações de seu governo estruturada nas nove sub-regiões em que se divide o estado significa bom começo, inteligente e racional. Bom domingo.
(*) É empresário, estudioso da economia do Amazonas e articulista de A Crítica - artigo datado do 17/10/2010.
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