quarta-feira, 1 de julho de 2009

ENTRE OS REAL E DO IDEAL: A NOVA SECRETARIA INDÍGENA

A criação da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas, ontem, pela Assembléia Legislativa do Amazonas, traz um inegável avanço para o resgate histórico e necessário dos povos que marcam indelevelmente a história do povo brasileiro no geral e do amazonense muito particularmente.

O Amazonas é o Estado com a maior população de índios do País, tem a maior sociodiversidade do mundo, mas faltava-lhe um instrumento institucional para garantir a essa verdadeira riqueza um tratamento diferenciado e capaz que lhes oferecer amplas possibilidades de vida e vida no sentido pleno, como ensinam os evangelhos.

Essa secretaria, como já se disse, é um avanço inegável, mas restará ao Governo do Estado, autor do projeto, e ao “personagem” escolhido para dirigir esse novo organismo dar aquele salto sobre o abismo existente entre as boas intenções e a prática cotidiana. Caberá ao “escolhido” aparar as arestas existentes entre as mais diversas etnias amazônicas, costurar acordos firmes com a chamada sociedade envolvente e alcançar o necessário apoio político para implantar seus programas e planos nesse mundo chamado Amazonas.

O governo também precisará dar o suporte necessário para que a nova secretaria seja efetivamente um organismo vivo, com condições de operar em Manaus e também na mais distante aldeia no meio da nossa floresta. É preciso também criar programas capilares, que transponham os muros da secretaria, pois é sabido que os maiores problemas dos índios dizem respeito a assuntos afeitos a secretarias como saúde e educação. A invasão do prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é um exemplo de que interface com outras instituições é uma necessidade e ao mesmo tempo um desafio.

Por fim, tanto governo quanto o movimento indígena organizado precisarão aparar arestas típicas da sociedade envolvente, que muitas vezes derrapa nas brigas políticas. Tal processo, ao que tudo indica, já começou com a disputa entre candidatos a secretario com notorias ligações com partidos.

O mal que essas disputas fazem a sociedade precisa ser combatido logo no nascedouro do novo organismo, que pode sim trilhar outro caminho, pode sim conquistar uma autonomia partidaria uma vez que esse tipo de organização não existe no seio das sociedades indígenas. Esse é o ideal, vamos ver como será o real.


Fonte: Editorial do Jornal ACrítica

Um comentário:

Anônimo disse...

Tais índios não são índios, são vandalos, bandidos cafufrados de índios, que servem a partidos politicos corruptos!