quarta-feira, 1 de julho de 2009

CULPA DE QUEM?

Sarney, além de amarrado em uma rede de forças que misturam interesses públicos com pessoais, não tem o necessário gosto para enfrentar as dificuldades, por ter uma biografia maior do que o cargo que ocupa. Daí sua falta de percepção do tamanho da crise. Quem enfrentou cinco anos de Presidência da República, em um momento tão grave e de difíceis mudanças, não consegue se dedicar a um desafio que parece menor.
Cristovam Buarque*

Em recente discurso, o presidente do Senado, José Sarney, afirmou que a crise que atravessamos é problema da Casa inteira, e pediu que todos respeitassem sua biografia. O presidente disse duas verdades, mas incompletas. É certo que o problema é do Senado, da democracia, do Brasil inteiro. Mas a culpa é acima de tudo do presidente da Casa e sua Mesa Diretora. É certo também que sua biografia de ex-presidente da República, em um momento decisivo de nossa História, merece nosso respeito, mas isso não é uma desculpa. Na verdade, nisso está uma das razões que dificultam o enfrentamento da crise.

As biografias nascem da política, mas elas muitas vezes não se sustentam na política. A biografia do senador Sarney é um forte argumento para a História. Mas para o exercício do cargo político que atualmente ocupa, o que importa são suas falas e gestos no presente.

O Brasil tem uma dívida para com o presidente Sarney, que pode se orgulhar de ter sido o condutor do processo de democratização do Brasil. Durante o seu mandato como presidente da República, foi capaz de levar adiante todos os compromissos das forças democráticas. Mas isso é História. Quando decidiu continuar na política, ele optou por guardar sua biografia até o final de suas atividades atuais.

Se, depois de seu mandato de presidente da República, o ex-presidente Sarney tivesse se recolhido à História, fora da política, como fazem presidentes em outros países, certamente ele seria hoje tratado como um "velho estadista", não pela idade, mas pela reserva biográfica. Como acontece com Mandela, Carter e tantos outros ex-presidentes, inclusive no Brasil. Personalidades respeitadas, mas ativos apenas nos momentos decisivos e como conselheiros da nação, sem cargos. Ele seria visto como referência do político que, jovem, contestou forças conservadoras de seu próprio partido; e, adulto, conviveu com o regime militar; mas, na maturidade, teve a coragem de se distanciar do autoritarismo e, diante das adversidades de Tancredo, teve a competência de conduzir o país no momento da máxima inflexão política da segunda metade do século XX.

Mas preferiu a política à História. Escolheu o mandato de senador e a volta à presidência do Senado. Com isso, o Senado passou a ter um presidente maior do que o cargo, e por isso fica sem gosto para enfrentar o dia a dia de suas atividades.

O problema é de todos, mas o primeiro culpado da crise é o presidente Sarney, porque a ele cabe zelar pela necessária credibilidade da Casa. Seu discurso, entretanto, não analisa as causas da crise, não oferece propostas para superá-la, nem nos aspectos morais nem nos estruturais. Não propõe iniciativas para superar o descrédito do Senado. Uma das causas dessa ausência de proposta, desse alheamento da crise, decorre de que o presidente Sarney não aparenta ter consciência da dimensão da crise que o Senado atravessa. O discurso passou a impressão de que se trata apenas de um descontentamento momentâneo da opinião pública, inflado pela mídia, em franco desrespeito à sua biografia. Essa visão resulta da mistura de uma biografia maior do que a política e o cargo.

O resultado é um presidente que, além de estar amarrado em uma rede de forças que misturam interesses públicos com pessoais, não tem o necessário gosto para enfrentar as dificuldades, por ter uma biografia maior do que o cargo que ocupa. Daí sua falta de percepção do tamanho da crise. Quem enfrentou cinco anos de Presidência da República, em um momento tão grave e de difíceis mudanças, não consegue se dedicar a um desafio que parece menor.

A culpa é também nossa, dos demais senadores, que não estamos encontrando o caminho para casar o Sarney ex-presidente da transição democrática com o Sarney presidente de um Senado em crise. Mas a culpa é, sobretudo, do presidente Sarney, que precisa vestir a camisa do cargo atual, guardando a biografia para os historiadores. Essa foi sua opção, essa é sua função.

Senador da república pelo PDT*

Fonte: Artigo do senador Cristovam Buarque, publicado no jornal O Globo de sabado, 20 de junho.

2 comentários:

Alrivan Gomes disse...

Eh isso que dá empregar a família toda e agregados, fazendo farra numa instituição como o Senado que devia ter mais responsabilidade!! Quando ele usa sua História pra tentar se abster da culpa, nós podemos jogar na cara de dele a sua mesma História..Como ele podia ter feito isso, depois de ter um passado tão brilhante na História desse país? Não dá pra entender..e o Lula ainda dá apoio a ele.....vai entender??

Alrivan Gomes disse...

A raça política eh uma merda mesmo! Eles não valem o que o gato enterra! O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve aprovar a farra que o Senador José Sarney fazia através dos atos secretos, onde empregou o mordomo de sua filha (que eh Governadora do Maranhão) e uma penca de parentes e agregados, incluindo uma sobrinha que nem mora no Brasil, e sim na Espanha. Agora o Presidente quer usar sua popularidade de "pai dos pobres" pra decidir e resolver a crise e pôr em xeque a credibilidade do Poder Legislativo! Esse eh o Brasil q eu conheço, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, uma vergonha isso sim! E o Sarney ainda quer usar sua história política pra se abster da sujeira de seus atos secreto kkkkkkkkkkkkkkkkk Isso sim eh piada!!
Muito me estranha o Governo Federal estar distribuindo casa à R$50/mês em ano anterior á eleição....não precisa nem ser profeta ou cartomante pra adivinhar qual a real intenção! A Dilma ganha a eleição e o Lula continua metendo o bedelho onde quizer por detras dela.....
Por aqui nem se fala.....o Governador torra, a cada 30 segundos, um pouco mais de R$4 mil em publicidade que promove descaradamente sua figura como o "salvador" dos alagados. o "pai dos pobres amazonenses", onde aparece rindo doando cestas básicas e se gabando de dar a esmola de R$300 pra cada família atingida pela cheia...Isso que eh explorar a miséria humana!
Lembram quando a então vereadora Vanessa Grazziotin denunciou esse cidadão e mais o Alfredo Nascimento pelo desvio de verbas públicas destinadas à construção de um conjunto de casas populares, num total de R$4 mi? Pois eh, e por que a agora deputada não deu a cara a tapas e insistiu nas denúncias assim que esse assunto veio à tona novamente? Será que é porque o partido dela agora faz parte da base aliada do governador? Deve ser né, alguém duvida?
O prefeito!! Puts, não pensou nem duas vezes antes de tirar os direitos dos estudantes às 120 meias-passagens e ainda dificulta o acesso às migalhas que nos disponibiliza por mês!! Ele diz que a atitude que tomou é pra evitar as fraudes das carteirinhas! Ora poha! isso é problema de administração deles, de fiscalização, de incompetência desses órgãos que só pensam nas contas bancárias deles.....é mais fácil e cômodo tirar as meias-passagens que investir em fiscalização e sistemas inteligentes anti-fraude.....
Agora ele quer tirar os verdureiros e fruteiros ambulantes do Centro com a desculpa de que está preocupado com a saúde pública...balela! Vai tirar essas pessoas porque elas não pagam impostos pra exercer suas atividades......
Pra essa raça tudo pode!! O "Belão" tá vendo um jeito de aumentar o benefício dos deputados (ele está incluído!) de R$27 mil para R$32 mil só em cotas, o famoso "Cotão"....
O MPE denunciou O dep. Wallace Souza em "trocentos" crimes e a ALE diz que não há indícios, nem provas contra o parlamentar....
Os vereadores usufruem de um cartão corporativo no valor de R$8 mil/mês pra fazer farra nas churrascarias mais caras da cidade e comprar combustível pra dar a "volta ao mundo" em seus carros importados, e no entanto restringem as nossas reles meias-passagens....è revoltante!
Cadê os heróis daqueles programas sensacionalistas do 13? Parece que sucumbiram ao mando do todo-poderoso Atrazonino Mendes!! Agora não existe mais violência, nem ruas emburacadas, nem estudantes insatisfeitos (e sim baderneiros kkkkk), nem pai de família desempregado......o Atrazonino resolvel tudo e calou a boca desses covardes heróis de fachada!! Enganadores do povo!!!
A palavra mágica é Consciência.......vamos colocar pra corres esses parasitas podres que fomentam a miséria, a alienação e a falta de educação pra se manter no poder e tripudiar em cima de nós!!
Viva a Anarquia!!