Uma das presenças mais aguardadas do Fórum Internacional de Sustentabilidade, o ex vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, prêmio Nobel da Paz de 2006, incorporou em seu discurso a importância em agregar os saberes das populações tradicionais na manutenção climática. O Evento iniciou ontem (26) e prolonga-se até hoje, sábado, na cidade de Manaus.O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, recorreu a bela imagem do Encontro das Águas, que no momento encontra-se ameaçado pela construção de um Terminal Portuário da Log-In Logística Intermodal S/A, empresa controlada pela Vale, para exaltar ao mundo o encontro entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas na perspectiva de assegurar a integridade dos recursos naturais e, consequentemente, reverter o aquecimento global. O Rio Negro e Solimões, declarou o estadista, "caminham lado a lado com suas especificidades, por mais de 10quilômetros, contudo, depois suas águas se fundem na formação do Amazonas
em direção ao mar. Assim deveriam ser também as nações, com suas histórias e
tradições diferentes, mas todas reunidas na construção de uma civilização global".
Segundo Al Gore, “olhar a Amazônia requer olhar para as populações tradicionais que aqui habitam. Há saberes que estão consolidados e outros precisam ser descobertos e devem ser usados em projetos que assegurem a preservação”.
O premêmio Nobel da Paz lembrou da primeira vez quando esteve no Amazonas. “É uma honra estar aqui, após 20 anos. Na época, era Senador. Fiquei em uma rede, com outros senadores, tivemos uma briga de quem roncava mais”, recordou, em tom de brincadeira. E disse que nunca mais esqueceu a imagem do Encontro das Águas.
Imagem que ele usou como representação para demonstrar a integração que as nações mundiais vivem no que diz respeito ao meio ambiente e conservação. “Como as águas dos rios Negro e Solimões, os países estão seguindo lado a lado rumo a melhores dias na área ambiental”.
Sobre a participação em Copenhague, em dezembro do ano passado, na Conferência Climática da Organização das Nações Unidas, Gore elogiou a presença e participação da comitiva brasileira. “Fui a Copenhague e fiquei impressionado com a liderança do Brasil. Com o excelente discurso do governador do Amazonas, Eduardo Braga, reforçando a significativa importância da Amazônia. O Brasil tem uma voz muito importante na questão do aquecimento global, não somente por causa da Amazônia, mas porque o país forneceu exemplos de liderança no que diz respeito à sustentabilidade”.
Dentre os aspectos base de sua fala, Al Gore salientou a importância em agregar esforços mundiais para os acertos que possam ser feitos em prol do clima. “A integração na redução do desmatamento é uma das conquistas, mas não está concluída. Esta tarefa continua no México no final deste ano e em outras reuniões internacionais”, disse.
JAMES CAMERON – Após assistir toda a palestra do ex-vice-presidente do Estados Unidos, Al Gore, o premiado diretor de cinema, James Cameron, afirmou haver possibilidade de filmar no Amazonas. “Se tiver um bom roteiro é possível, sim, que eu faça um filme aqui”, disse o diretor de Avatar, filme que ganhou três Oscar este ano.
Hoje (27) à tarde, Cameron, faz sua palestra no Fórum Internacional de Sustentabilidade. Ele vai falar sobre “Como e por que sensibilizar a sociedade para a importância e urgência da conservação da Amazônia: a experiência pessoal de um cineasta”.
VOZES INDÍGENAS - Representante s dos povos indígenas da Amazônia entregaram, na tarde desta sexta-feira, no Hotel Tropica, num encontro paralelo ao Fórum Internacional de Sustentabilidade, ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos e prêmio Nobel da Paz, Al Gore, uma carta em que exigem que sejam adotadas políticas governamentais e não governamentais, que lhes garanta melhoria na qualidade de vida. “Queremos que seja incorporada a cosmovisão local, levando as necessidades específicas e diferenciadas em atendimento às áreas da saúde, educação, meio ambiente e bem estar social”, é o que diz um dos trechos do documento.
A carta foi assinada pelo secretário estadual para os Povos Indígenas, Jecinaldo Sateré-Mawé; o titular da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Marcos Apurinã mais o líder indígena do Baixo Amazonas e prefeito de Barreirinha, Mecias Pereira Batista; a gerente de Atenção às Mulheres Indígenas, Maria Miquelina; o representante da Crianças Indígenas, Tchiwá Sateré; e o líder espiritual (pajé) Raimundo Veloso Vaz.
Os líderes indígenas pedem que o meio ambiente seja respeitado, assim como os saberes dos povos indígenas e se revelam preocupados com o que lhes está reservado para o futuro, assim como estará a humanidade.
Eles se dizem preocupados com os impactos causados ao meio ambiente, em particular as mudanças climáticas, “que trarão conseqüências à vida dos seres que vivem em nosso Planeta”, daí que requerem aos países desenvolvidos e a Organização das Nações Unidas “que priorizem, urgentemente, ações que visem a mitigação e adaptação às mudanças ambientais, considerando o saber empírico desses povos, por meio do reconhecimento e da valorização dos sistemas socioculturais.
Como estratégia de mitigação existente na Amazônia, os indígenas acreditam que demarcações de suas terras são exemplos comprovados da diminuição do desmatamento e armazenamento de carbono florestal. Assim, os líderes solicitam o reconhecimento e a aplicação dos seus direitos territoriais e que estes sejam reconhecidos como valor estratégico no enfretamento às mudanças climáticas.
http://www.amazonasnoticias.com.br/politica/78-al-gore-defende-incorporacao-de-saberes-tradicionais-na-manutencao-climatica.html
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