terça-feira, 23 de março de 2010

Editorial de a Crítica: UM PATRIMÔNIO À ESPERA DA DECISÃO



Os governos devem olhar com atenção maior a proposta de transformar o entorno do Encontro das Águas em Unidade de Conservação de Uso Sustentável e Área de Relevante Interesse Ecológico. A reivindicação feita por representantes da sociedade civil abriga uma possibilidade que, se concretizada, agregará valores às políticas cultural, ambiental, de turismo e econômica do Estado. Não menos importantes serão os impactos nos campos da educação e da saúde.

As tensões entre os que querem ver a área resguarda, utilizada dentro de uma outra lógica do desenvolvimento e os que vêm como espaço para abrigar outros empreendimentos propiciam aos dirigentes de órgãos de proteção, de fiscalização e aos gestores públicos uma chance, rica em indicadores, de o Estado posicionar-se em favor do novo, do ousado. O entorno completa um bem generoso-presente da natureza - que nessa dimensão deve ser visto e utilizado. A sua condição de patrimônio ainda requer ser aprendida, o que deixa em evidência a necessidade de um vigoroso processo de educação avançando na oferta de mecanismo que possam alcançados pela população, a fim de que ela própria, cada vez mais , seja parte dessa proposta, guardiã do lugar.

O governo do Amazonas está inserido na agenda internacional e nacional por ter se apresentado ao mundo como defensor ardoroso do desenvolvimento sustentável. A pregação provocou curiosidade, notoriedade e responsabilidade na execução de uma política marcada na por esse símbolo. A disputa pelo entorno do Encontro das Águas é uma das questões que atinge diretamente a formulação de uma gestão estadual sustentável. A decisão a ser tomada como resultado desses conflitos revelará como o governo pretende compartilhar o seu discurso com a prática.

O privilégio de uma região como a do Encontro das Águas testa a sensibilidade administrativa. O Estado tem vários instrumentos para tornar a área mais uma, rara, de compatibilização do turismo com uma das tendências mundiais que é o uso sustentável dos espaços naturais. A área é um patrimônio público e como tal pode prestar um singular serviço às populações do presente e do futuro. Pode repetir soluções impostas e viciadas ou vir a ser um bom exemplo.

Nota da Redação - A Crítica, o jornal de maior circulação do Amazonas, tem sido caixa de ressonância do Movimento Socioambiental S.O.S. Encontro das Águas: contra a construção do Terminal Portuário das Lajes no entorno deste que é o ícone identitário do povo manauara. Além de informar a luta do Movimento como manifestação da sociedade civil organizada para salvaguardar esse patrimônio público contra a saga de políticos arrivistas em conluio com corporações privadas irresponsáveis tais como a Log-In Logística Intermodal, Juma Participação e a Lajes Logística S/A, sob o aval da Vale, o jornal de Manaus resolveu intervir nesse processo agindo como corporação responsável e cidadã, defendendo nessa terça-feira (23/03), em seu Editorial, com objetividade e clareza o Tombamento do Encontro das Águas com propósito de transformar o entorno desse bem público, em Unidade de Conservação de Uso Sustentável e Área de Relevante Interesse Ecológico, bem como tem sido reivindicado pelo Movimento S.O.S. Encontro das Águas. Espera-se somente, que o Governo do Amazonas deixe de brincar de ecologista e responda com determinação a grita popular em favor do Tombamento do Encontro das Águas nos termos reclamados pela sociedade civil organizada, indeferindo o processo de licenciamento da construção do Porto das Lajes no entorno de nosso Cartão Postal, que além de berçário dos jaraquis e tambaquis é, sem dúvida, uma das maravilhas do mundo a nos pertencer.

Um comentário:

João André disse...

Parabéns a todos os envolvidos nesta questão. Parabéns ao jornal A Crítica pela matéria.Vamos lutar por este patrimônio da Humanidade.