quinta-feira, 5 de novembro de 2009

VIOLÊNCIA E POSTURA PÚBLICA

O jornal de maior circulação no Estado do Amazonas, A Crítica – lavrou em seu editorial de hoje (5), mensagem contra a manipulação dos aparatos de segurança numa perspectiva eleitoreira. O editorialista alerta para o perigoso jogo que as autoridades acenam fazer na mídia, visando resultados imediatos nas urnas, podendo ser traduzido como perigo a vista e violência generalizada. A irresponsabilidade desses gestores deve ser imediatamente denunciada para que saibam do grave erro que cometem quando interferem na hierarquia do oficialato militar, desmoralizando seus quadros e desqualificando suas funções em nome de opções partidárias, que promove ascensão graciosa na carreira. O vício vem se multiplicado por todo o Brasil, mas aqui tem se tornado regra, reduzindo a política de segurança do Estado em curral eleitoral. Leia o Editorial de A Crítica e veja quanto males fazem os governantes, parlamentares e lideranças sociais inconseqüentes e corruptas quando encastelados no poder brincam de francos atiradores, ameaçando as instituição e o próprio Estado Democrático de Direito.

A fala firme do arcebispo de Manaus, Dom Luiz Soares Vieira, ontem (4), na Assembléia Legislativa do Estado, traduz um sentimento que é da maioria da população do Amazonas diante da expansão da violência. Em ritmo acelerado, a violência inunda Manaus e avança sobre os demais municípios amazonenses, onde o clamor encontra outras dificuldades tais como o isolamento que provoca silenciamento sobre os atos cometidos. As famílias vivem o pavor, experimentam a dor da perda e da impunidade.

Manaus tornou-se uma referência de desmando, de assassinatos não esclarecidos e de suspeição sobre o comportamento de parte dos que integram o sistema de segurança pública estadual.
A reunião entre representantes da Igreja Católica, comunitários e do Poder

Legislativo precisa ter conseqüência de fato. Cabe aos parlamentares fazer desse encontro uma oportunidade de tratar o tema com a seriedade e a urgência que merece ter. Até agora tem sido mais pirotecnia em um setor extremamente sensível e em plena fase de explosão.

O Parlamento tardiamente demonstra disposição em fazer, institucionalmente, a parte que lhe cabe. Há expectativa por parte da sociedade quanto ao passo a ser dado em seguida, a fim de que não seja engolido pela morosidade e por interesses mais restritos dos diferentes grupos políticos. Com forte indicação de vir a ser um dos quatro grandes problemas que mais preocupam a cabeça do eleitor, no próximo ano, a segurança pública não pode ser tratada como trunfo político-eleitoral.

Aos candidatos de 2010, será um erro estratégico insistir nessa tentativa de manipulação. Afinal, eleitores e a população em geral têm aprendido, de forma mais perversa, que nessa área não existem salvadores da pátria nem solução mágica. Ao contrário, exige competência para aglutinar os diferentes setores sociais, impedir a partidarização e o uso eleitoreiro da temática, como aconteceu no passado.

Governo, empresários, judiciários, legislativo e sociedade organizada têm, nesse momento, uma grave situação a ser enfrentada. Encará-la com responsabilidade é a reposta madura e que demonstrará o real interesse em impedir que o Amazonas se torne em abrigo da violência generalizada, da truculência, da não vigência da ordem democrática e do Estado de Direito.

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