quarta-feira, 22 de setembro de 2010

DE PERFIL: O AVESSO DOS CANDIDATOS

Ivo de Aguiar (*)

Acordei no meio do dia e fui até a cozinha beber água. O caminho do quarto à cozinha, depois de uma reunião no bar com os amigos, deveria ser menor. Lembrarei disso na próxima reforma. Na geladeira, encontrei apenas algumas garrafas de cerveja, vomitando arrependimentos em minha cabeça, que doía, só de vê-las. Abri a torneira da pia, mas, evidentemente o vento que escorria, não era líquido. Essa foi a desculpa que encontrei para passar a mão numa das cervejas, abri-la, ir até a sala e sentar no sofá para assistir TV.

Há tempos não ligava a televisão, por considerá-la, na maioria das vezes um porre. Na tela, um candidato pedia votos, dizendo nada com nada, coisa com coisa. À primeira vista, pensei que estávamos bêbados, eu e minha TV, porque além de não entender o que dizia o dito postulante a cadeira no parlamento, o mesmo falava de lado, parecendo envergonhado das propostas que fazia. Aumentei o volume do aparelho para ouvi-lo melhor, no entanto, o candidato sumiu, dando lugar a outro, que por sua vez, deu lugar a dezenas de outros, todos se apresentando de lado, num sucessivo desfile de torcicolos, dos mais variados tipos: de paletó e gravata, de mangas curtas, de saia, de chapéu, de boné, de palhaço...

Essa nova maneira de se apresentar – pensei-, talvez seja uma nova exigência da Lei Eleitoral, ou uma simples jogada de marketing político. Já que eles se apresentavam de lado, posicionei a poltrona para um lado e a TV para o outro. Ficamos todos, portanto, em condições de igualdade.

No entanto, somente quando um dos candidatos pediu que analisássemos seu perfil, descobri a razão de apresentarem-se daquele jeito.
Um brinde a tal descoberta!

De preferência com um café bem forte, e de lado.

(*) É Administrador, Professor e Estudante de Jornalismo da UFAM

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