quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ROTEIRO SENTIMENTAL DA CIDADE DE MANAUS


Ellza Souza (*)

A origem da cidade de Manaus todo mundo já sabe. Aqui era uma região de mata fechada e muitos, muitos igarapés. Viviam felizes nesse ambiente, povos com culturas e conhecimentos milenares. Mas apesar das dificuldades para chegar até aqui, eles, os colonizadoes chegaram, mudaram tudo, fundaram a cidade, deixaram sua cultura e escravizaram e mataram muita gente. O mal já feito ficou aqui sua marca, seu estilo na arquitetura, na culinária, na maneira de viver. Aprenderam muita coisa também e espalharam pelo mundo o conhecimento avançado daqueles “selvagens”.

Manaus mudou, ganhou corpo, para os que se acham civilizados, melhorou. Primeiro, as casinhas de palha e barro, depois começaram a aparecer os palacetes, casarões estilosos, enormes construções. Tá certo que tudo copiado da Europa, claro. Não podia ser diferente. Eles pensavam, faziam, construíam, davam as idéias, sabiam embelezar uma cidade. Na época do apogeu da borracha tentaram fazer aqui um pouquinho do que era além do mar. Não foi fácil porque depois que exterminaram os índios daqui restou pouca gente “disposta” a carregar pedra. Mão de obra era difícil e cara. Tudo tinha que vir de fora.

Mas tivemos na cidade uma bela época. Praças, flores, grandes janelões, grades artísticas, frontões, ruas com paralelepípedos aqui arrancados mas em Paris continuam até hoje, assoalhos envernizados, porões que mesmo escuros se prestavam a muitas brincadeiras infantis. Árvores derrubadas e cidade urbanizada, os europeus deixaram alguma beleza nas formas e linhas arquitetônicas. O rígido quadrado das construções era suavizado pelo arredondado das janelas e portões. Os jardins eram exuberantes, as angélicas e rosas perfumavam o ambiente. No centro da cidade existiam muitas hortas. Fim do apogeu, eles se foram, acabaram as frescas hortaliças adubadas com estrume animal. Hoje não tem boi, não tem estrume e muito menos hortas.

Nas praças não tem mais o colorido das flores. Os prédios modernos são feios, iguais, parecem feitos em uma mesma fôrma. Assim como as mulheres modernas que têm cabelo, peito e bumbum padronizado. As construções têm muito vidro e pouca criatividade. E os belos casarões que podiam ficar pra contar a nossa história estão desmoronando. Dá pra fazer a pé esse roteiro. Durante o percurso você pode descobrir outras preciosidades. É só observar e chorar. Acho até que queremos apagar o passado. Assim, vai ser difícil melhorar o futuro. Faça o roteiro e dê sua opinião.

ROTEIRO:

1. SANTA CASA DE MISERICÓRDIA;

2. BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO - em reforma

3. ANTIGA ESTAÇÃO DOS BONDES

4. MUSEU DO PORTO

5. CASARÕES ABANDONADOS NA AV. JOAQUIM NABUCO

6. MERCADO MUNICIPAL ADOLPHO LISBOA - em reforma

7. PRAÇA DA MATRIZ E BARRACAS DOS AMBULANTES

8 RUA DO FORTE - rua deserta isolada do burburinho do centro.

9. PEQUENOS PRÉDIOS DO CENTRO QUE TOMAM O LUGAR DAS BELAS CASAS. São prédios com janelas desiguais, pequenas e são feitos sem nenhuma beleza. A única regra a seguir é o mau gosto. Foto do horrendo prédio da Receita Federal.

10 CORREIOS cercado de barracas de lonas

11 PAVILHÃO UNIVERSAL na praça Adalberto Vale (Hotel Amazonas)

12 HOTEL CASSINA

13 PAÇO DA LIBERDADE

14 De RODWAY a “MODERNO” PORTO E SUAS MAZELAS: “Bebidas no balde”; som alto; lixo boiando no rio; prostituição.

(*) É jornalista e estudiosa da cultura do Amazonas

Nenhum comentário: