quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PARADA DE ÔNIBUS

Ellza Souza (*)

Fiquei como uma árvore, plantada na parada de ônibus quase uma hora. Um pouco mais e começariam a aparecer as primeiras folhagens. Bem, durante esse tempo observei algumas coisinhas no que se refere ao ser humano e ao lixo. Pude comprovar que o lixo jogado nas ruas não é obra de nenhuma assombração mas de gente viva mesmo. Em primeiro lugar no espaço em que estava a parada que é uma das mais movimentadas do centro, a do Colégio Militar, não vi nenhuma lixeira. Essa então pode ser a desculpa pra todo mundo jogar o palito de picolé ao relento. O picolezeiro vende seu picolé da massa e dá o guardanapo de papel para dar uma “melhorada” na higiene do freguês. Não dá é tempo de guardanapo e palito caindo descuidadamente no meio fio da avenida, escorregando das “mãos bobas” de mal educados.

É o palito, é o saquinho do dindin, é o copo descartável da salada de frutas, é a garrafa de refrigerante, é o papel do bombom e o do guardanapo, tudo vai para a rua, descaradamente. São adultos, a maioria estudantes e mulheres gordas que adoram comer a toda hora e não agüentam a vontade de “chupar um geladinho”. Também com esse calor amazônico, a demora do ônibus e o ambulante ali à mão, não há como resistir. Por que jogar o que sobra no meio da rua é um caso de difícil avaliação. Todo mundo quer uma cidade limpa, bonita, que funcione mas todos contribuem para a emporcalhação da mesma e não cobram das autoridades a falta de transporte coletivo cuja demora provoca sede, fome e ansiedade. Por aí se conclui que estamos longe de sermos uma nação de primeiro, segundo ou terceiro mundo. Talvez lá pela quinta classificação. Mas isso pode mudar.

Nesse mesmo dia ao passar de ônibus em uma parada da avenida Djalma Batista, vi com tristeza uma grande quantidade de lixo no igarapé ao lado de um shoping. A paisagem tem tudo para ser bela. Tem o riozinho, o bosque dos Bilhares e tem um moderno centro de compras. Mas o povo joga lixo na própria água que bebe. Com a seca dos nossos grandes rios, os pequenos também sofrem e o lixo acumulado no fundo do igarapé fica exposto às nossas vistas, já que nem o shoping e nem a autoridade competente fazem uma limpeza no local. Preferem o lixo e o mau cheiro numa demonstração pública de descaso ao meio ambiente, ao próprio cliente e ao contribuinte.

(*) É jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.

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