Luciney Araújo (*)
As eleições majoritárias para o Governo do Acre no ano de 2010, vem apresentando uma certa peculiaridade, de um lado um Governo baseado na florestania que prega a preservação e o desenvolvimento sustentável com forte influência de Chico Mendes e de outro um partido de direita que mais parece pelegos esquerdistas.
O debate apresentado em nível local e mundial (na internet) mostrou a verdadeira face do candidato da oposição ao Governo do Acre, Tião Bocalom (PSDB), com um discurso baseado em fatos como obras não realizadas, saúde deficiente, produção e geração de renda no campo e que em nenhum momento citou a preservação ambiental.
Se pegarmos um pouco da história recente acreana, vamos nos deparar com os Projetos de Assentamento Agrícolas das décadas de 1970 e 1980, onde colonos de varias partes do país, foram seduzidos por promessas de terra fértil para o plantio e investimentos no campo. Mas o que se viu na realidade foi o abandono dos colonos em ramais que ficam intrafegáveis em grande parte do ano, endividamento com bancos e financiadores, especulação de terras e derrubada, aquilo que Adrian Cowell filmou e classificou como a década da destruição. Quisera Chico Mendes poder estar vivo para ouvir novamente os discursos de produção no campo. Mas que mesmo propõe o candidato Bocalom?
Bem, vamos por parte, resido no acre a apenas 9 meses, mas ao longo desse tempo, tive a oportunidade de conhecer várias localidades desse Estado, e o que se ver é um Estado que vem se desenvolvendo e ao mesmo tempo preservando sua biodiversidade, mantendo o homem da floresta como seu verdadeiro guardião, como sempre desejou Chico Mendes.
Quando o candidato do PSDB fala em Produção, ele esquece que o Acre tem o solo pobre, esquece que ainda se preserva a cultura do fogo, principalmente na região do Vale do Acre.
Devo ressaltar que Acrelândia é bonita, e segue um modelo de cidade planejada, ali sim, tem méritos de Bocalom. Mas Acrêlandia tem menos de 8% de sua floresta nativa em pé. Grande parte de sua terra ou é PAD ou grandes fazendas.
Quando o candidato fala em BR-364, esquece de um fator peculiar da Amazônia, nosso inverno que é torrencial, e que o solo argiloso que corta a BR-364 é pobre e não muito propicio a camada asfáltica.
O mais interessante é quando se fala em preservação, preservação? E ele fala sobre isso? Bem, segundo uma de suas falas no debate de ontem: “Eu prefiro ver casas construídas a ver uma árvore em pé”.
Bem, o discurso de “pseudo esquerdista” do candidato Bocalom só vem apresentar o que o povo ta cansado de ver, apenas acusações e nada de propostas. Uma pena, pois horário eleitoral gratuito é para apresentar propostas e não fazer picuinhas e comparações com o nada! Acredito que o desenvolvimento e as mudanças que o Acre vem passando é resultado das lutas dos seringueiros, que começou com os empates lá na região de Brasiléia e culminou com a Florestania que é hoje admirada Brasil a fora.
(*) É cientista social formado pela UFAM.
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