domingo, 5 de setembro de 2010

PELA PROTEÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DAS ÁRVORES

Ellza Souza (*)

A árvore não fala para a gente conversar com ela como o Zé Orocó fazia com as árvores e com sua canoa, a Rosinha, no romance de José Mauro de Vasconcelos. Mas sem elas a vida ficará cada vez mais difícil, sem “sombra” de dúvida.

As grandes árvores, os fortes e belos bambus, as palmeiras que ainda cercam as casas na área do D. Pedro e Chapada parecem estar completamente ameaçadas de extinção. Para construir edifícios e condomínios o ser humano destrói toda a vegetação que encontra pela frente. Fica uma terra desprotegida. Alguns, com isso, ganham muito dinheiro é verdade, mas a sociedade inclusive esses, vai pagar um preço que dinheiro nenhum no mundo cobrirá.

Árvores e igarapés são vitais à vida humana. A televisão mostra toda hora o caos das cidades com belas construções mas que não resistem aS chuvas e trovões. O que vem depois da chuva forte é teimosia e vontade de repetir os mesmos erros. As pessoas voltam para o mesmo lugar de risco e as autoridades omissas não têm solução pra nada. Eles não proporcionam educação de qualidade ao povo com professores que orientem sobre o papel do ser humano quanto à preservação do meio ambiente. A terra está desmoronando. As casas, construídas em terrenos sem proteção, feitas de pátios e lajes, não tem como resistir à força da natureza. O barro que fica engole os destroços. Desde que o mundo é mundo o homem constrói. É bonito isso mas já vimos que nem sempre funciona. Ele constrói mas destrói o que ele não pode construir. No mundo todo as catástrofes estão acontecendo mais vezes por falta de uma consciência ambiental, de propostas de convivência com a natureza.

Onde moro, no bairro da Chapada, vejo todo dia a devastação do meio ambiente e a burrice do homem passando o trator na vegetação que ainda resiste. Certa vez denunciei e deixaram umas três árvores isoladas no muro no final do meu conjunto. No resto, passaram o trator, sempre ficando aquela terra amarela, sem nutrientes, desnuda. E o pior, sem a proteção dos galhos, das pedras e a beleza das aves que precisam mudar-se para sobreviver. Nunca vou esquecer de um fim de tarde quando vi nas últimas árvores do terreno devastado ao lado do conjunto Tocantins II, inúmeros macaquinhos pretos pulando de galho em galho, desesperados, sem ter mais onde se esconder.

Olhar o verde das árvores acalma a mente. Sem elas o mundo vai se tornar uma “coisa de louco”. O Zé Orocó do livro foi internado no hospício porque falava com árvore. E nós, que vamos ficar falando com as paredes sem ter árvores para conversar. Para derrubar uma árvore é preciso ter um motivo muito forte, é preciso que seja um caso de extrema loucura. O Tocantins precisa de mais árvores. Porque não plantamos nos canteiros que sobram, limoeiros, ervas medicinais, buganvilios de todas as cores, mais e mais árvores com flores coloridas como a que sobrou no muro, amarelas e tão belas. Elas não vão cair. Essa paranóia é nossa. Nós é que sucumbiremos se não tratarmos bem toda a natureza.

(*) É jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.

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