sábado, 18 de setembro de 2010

O VALE DA ESPERANÇA

Ellza Souza (*)

Aparecida do Norte fica no Vale do Paraíba no estado de São Paulo. Fui neste domingo conhecer a basílica de Nossa Senhora Aparecida que segundo a história, sua imagem foi encontrada por pescadores no pequeno rio, coberta de lodo e por isso sua cor negra. Fui lá pagar um pouco dos meus pecados. Andei bastante naquele vale de lágrimas inclusive atravessei a extensa e alta Passagem da Fé com 500 metros de extensão que liga a Igreja nova e a velha. Confesso a vocês que nunca tinha visto tanta gente junta. Crianças, jovens, adultos e idosos, todos se movimentam ao redor da Basílica, assistem missa, pagam promessas, compram freneticamente de tudo. Da rodoviária ao imenso templo no meio do vale um corredor de barracas dos ambulantes oferecem todo tipo de mercadoria e o peregrino já vai cometendo o pecado do consumismo. Consumir não é pecado? Como não, se a maioria daqueles produtos é pirata e encoberta quase sempre a criminalidade e o trabalho escravo? As pessoas se apertam, se amassam, ficam cegas para comprar qualquer coisa, comer qualquer alimento, pois com aquela quantidade de gente nenhum restaurante tem condições de trabalhar com higiene.

A cidade tem pouco mais de 35 mil habitantes e só num dia já chegou a receber mais de 200 mil visitantes. A basílica nova que começou a ser construída em 1955 tem capacidade para 45 mil pessoas. De hora em hora tem missa e há uma movimentação muito grande em toda a área ao redor da igreja. Existe uma estrutura bem montada com um grande centro de compras de objetos religiosos, lanchonetes, restaurantes, banheiros, parque com bancos para os cansados peregrinos que chegam a toda hora. É muito grande o número de ônibus que vem de todo o país. A impressão que tive é que ali estavam concentradas milhões de pessoas. Pra todo lado é muita gente. Apesar disso não vi confusão e bagunça. Vi muito lixo, muito cansaço, muita fé, muita esperança por dias melhores na vida de cada um daqueles seres que não medem esforços para chegar até ali e alcançar suas graças. O ser humano é movido a fé e graças a essa condição podemos seguir a nossa existência com mais leveza. Entre aquela multidão de fiéis me senti pequena mas importante por fazer parte daquela energia imorredoura.

Fiz muitos pedidos, agradeci bastante. Me ajoelhei e rezei. E Viva Nossa Senhora, a mãe de Jesus Nosso Senhor.

(*) É jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM

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