quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O AMIGO DA ONÇA

Ademir Ramos (*)

Na cultura popular ser “amigo-da-onça” significa colocar o outro em situação constrangedora às vezes por motivo banal ou quase sempre em benefício próprio. A encarnação do personagem foi eternizada na literatura pelos traços do nordestino Péricles de Andrade Maranhão, cartunista da Revista Cruzeiro, na década de 40, no século passado, quando o personagem deixava “nu com as mãos no bolso” seu interlocutor, sem saber explicar as razões apresentadas pelo amigo muito mais da onça do que do homem.

Na política, o “amigo da onça” é parte de uma fauna da floresta que vive do abate do povo. Para isso, de forma sorrateira vale-se dos artifícios do felino para dominar e saquear a riqueza dessa gente. Esse ator político apresenta-se em situações mais diversa possível, fazendo crer que sem ele nada se move e o pior, pelo poder da mídia, consegui arrebatar votos para legitimar seus planos, instituindo uma legião de predadores e abutres, que juntos promovem a perversa desigualdade social e a miséria do povo, beneficiando-se diretamente do orçamento do Estado.

Neste contexto, concorda-se com o filósofo Pascal, quando em seus Pensamentos afirma que: “o poder dos reis baseia-se na razão e na loucura do povo”. Razão operacional esta, que se manifesta por meio da mídia, da cooptação dos agentes públicos ou privados, reduzindo os poderes da República em instrumento de negociata e outras trapaças governamentais. O jogo é concebido e pensado visando à perpetuação do Poder sob as garras dos felinos e abutres.

A loucura do povo, por sua vez, não é criativa, é mórbida. Resulta das relações instituídas pelo amigo da onça e seus abutres, que passam a vigiar o povo e suas lideranças com propósito de reproduzir a dependência e a submissão. Dessa feita, expropriam do povo sua força material e política, transformando a sociedade em curral, presa fácil para os abates dos governantes amigos da onça.

Passado o tempo, o descaminho da racionalidade destes governantes faz o povo resgatar suas forças, fortalecendo suas organizações e qualificando suas propostas de luta de forma criativa. Nesta perspectiva, as lideranças políticas dos segmentos sociais avançam na formulação de políticas públicas que beneficiem diretamente o coletivo, impondo a derrota nas urnas e o ostracismo histórico aos governantes e políticos predadores, que se escondem nesta floresta dos trópicos.

O processo está em curso e que o tempo seja favorável a celebração de novos contratos sociais, fortalecendo a Democracia Direta, pela felicidade do nosso Amazonas e do povo brasileiro. Para isso a sua opção deve ser responsável votando pelo bem, pela vida, contra os corruptos e predadores da nossa floresta. Faça isto e verá que o mundo será outro com a marca da Justiça e da Igualdade Social.

(*) É professsor e coordenador do NCPAM/UFAM.

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