terça-feira, 13 de outubro de 2009

A CIÊNCIA POLÍTICA GANHA STATUS DE NOBEL DA ECONOMIA


A crise econômica mundial deixou seus teóricos, quase todos, “sem lenço e sem documento”, completamente perdidos por não saberem repensar as práticas de mercado fora da ortodoxia das escolas formais de economia e outros Centros de Referências que investiram no encantamento do mercado como ente absoluto das relações de poder. Com seus paradigmas em ruínas, os pilares da economia capitalista mundial centrado nos Estados Unidos da América balançaram o mundo, provocando marolas e tsunamis, o pior de tudo, foi o descrédito das instituições financeiras internacionais. Com isso, a ciência política ganha status e passa a ser reconhecida com o prêmio Nobel de Economia nos feitos da professora norte-americana Elinor Ostrom, da Universidade de Indiana.

A vencedora do prêmio Nobel de Economia, Elinor Ostrom tem 76 anos, é professora de ciência política e co-diretora do escritório de teoria política e análise da Universidade de Indiana, bem como diretora da Fundação do Centro de Estudo da Diversidade Institucional da Universidade do Estado do Arizona. O prêmio Nobel de 2009 foi compartilhado com o economista Oliver E. Williamson, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Noticiário da agência France Press informa que a professora norte-americana Linor Ostrom, disse que seu reconhecimento resulta da necessidade dos cidadãos se envolverem cada vez mais nos esforços para preservação dos recursos naturais.

A professora de Ciência Política disse que seu trabalho tem como foco desenvolver novas formas de gestão dos recursos naturais por comunidades de todo o mundo. "Estive estudando como as pessoas comuns e os funcionários públicos tentam solucionar problemas muito difíceis" - como o desmatamento, gestão das águas e a perda dos recursos pesqueiros, entre outros, disse Ostrom.

Penso também, que "quando os indivíduos têm esta forma de trabalhar juntos, pode construir confiança e respeito e podem ser capazes de solucionar problemas comuns”, explica.

Para a professora Elinor Ostrom, do campo da ciência política, "um funcionário que tenha PHD não significa necessariamente que ele saiba mais que as pessoas que vivem de um recurso. (...) Há muito conhecimento local que temos que respeitar".

O Comitê Nobel declarou que o trabalho de Ostrom desafia a crença popular de que uma propriedade comum mal administrada deve ser regulada pelo Estado ou privatizada. Demonstra em seus estudos de governança, que as comunidades detentora do conhecimento local e gestora de formas de trabalho social são capazes de construir práticas de gestão baseada na participação, confiança e respeito para juntos solucionar os problemas enfrentados.

O prêmio deste ano, no caso de Elinor Ostrom, acompanha a onda global de preocupações com um planeta sustentável, afirma o jornalista brasileiro da área de economia José Paulo Kupfer. Para ele as pesquisas da professora Ostrom, relatadas em livro traduzido no Brasil este ano, no qual ela é uma das organizadoras Ecossistemas florestais, 544 páginas, editora SENAC São Paulo, concluem não haver regime de posse – privado, comum ou governamental – superior a outro quando se trata do bem-estar das florestas. “A evidência é que as regras de uso, associadas ao manejo dos recursos, independentemente do regime de propriedade, determinam as condições das florestas”.

No caso de Williamson, ao contrário. Segundo Kupfer, o júri do Nobel de Economia reafirma uma preferência por pesquisas sobre o funcionamento dos mercados, a partir de visões neoclássicas e/ou comportamentais. “Ainda sem obras traduzidas em português (não encontrei nada na pesquisa que fiz), o premiado de 2009 é pelo menos o terceiro, em cerca de década e meia, a dedicar-se, principalmente, a estudos no campo da chamada Economia Institucional. As ações das pessoas, enquanto agentes econômicos, limitadas pelo conjunto de regras e normas que definem a vida em sociedade são o foco das pesquisas de Williamson”, conclui.

A Academia Real Sueca deu a Ostrom metade do prêmio de 1,4 milhão de dólares, com a outra metade indo para Williamson. O Prêmio Nobel de Economia, oficialmente, é chamado de Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas e foi criado em 1968, em Memória de Alfred Nobel.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer

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