sábado, 17 de outubro de 2009

“O MAU CHEIRO VEM IMPREGNANDO TODA ATMOSFERA DA ÁREA”


Elaíze Farias (*)

Resíduos de papelão e papel despejados pela empresa de reciclagem SOVEL da Amazônia estão contaminando as águas e a margem do lago do Aleixo, afluente do rio Negro, na Zona Leste de Manaus. Ontem de manhã, a reportagem A CRÍTICA transitou em uma área de quase dois hectares de uma espessa camada de papel que entrou em decomposição e se solidificou novamente, formando um chão lamacento. O cenário é de uma espécie de “tapete” de papelão e plástico por quase toda a extensão da praia.

A força da água poluída proveniente da fábrica cavou um fosso que segue até o lago do Aleixo. As águas do lago também adquiriram uma coloração avermelhada. A areia branca da praia está quase desaparecendo diante da lama formada pelos efluentes. Para completar o cenário, o mau cheiro vem impregnando toda a atmosfera da área.

O gerente da empresa, Elmar Pereira, disse que a SOVEL tem licenciamento ambiental do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). Segundo ele, a empresa despeja “apenas” 0,2% das 30 toneladas mensais que a empresa produz por mês.
Vizinhos contatados pela reportagem que não quiseram ter seus nomes revelados afirmam que o despejo de sobras de papel no local é antigo. Diversas denúncias já foram feitas aos órgãos ambientais e à imprensa. “Mas parece que a empresa nunca muda. Continua fazendo isso sem que ninguém tome providências. Ela faz o que quer”, disse uma moradora do bairro Colônia Antônio Aleixo, onde fica localizada a SOVEL.

O lançamento de efluentes no lago do Aleixo já foi alvo de diversas ações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS). Mas, segundo a Secretaria, medidas mais rigorosas devem ser tomadas pelo órgão que concedeu o licenciamento ambiental, o IPAAM.

O fiscal de Meio Ambiente da SEMMAS, Carlos Queiroz, contou que em setembro deste ano o órgão municipal aplicou uma multa de R$ 30 mil contra a empresa por esta continuar lançando resíduos no lago do Aleixo. A SOVEL apresentou em sua defesa um relatório garantindo que o resíduo lançado no lago não é agressivo ao meio ambiente. Conforme Carlos, a SEMMAS analisará o relatório até o dia 19 para decidir que medidas serão tomadas.

(*) Jornalista da equipe do jornal A Crítica.

Foto: Manifestação dos comunitários pela saúide do Lago e do seu povo.

NT: A desgraça ecológica ocorre no Distrito Industrial II de Manaus e a contenda burocrática se dá entre os poderes delegados – IBAMA, IPAAM E SEMMA -, enfim todos empurram um para o outro e nada fazem para solucionar o dano porque é avalizado por cartola palaciano da política local. O lago transformou-se num esgoto a céu aberto carregado de metal pesado, que contamina diretamente o solo, ameaçando a qualidade de vida dos moradores da Zona Leste de Manaus, que buscam ainda hoje no Lago do Aleixo sua fonte de alimento, lazer e consumo das águas. É uma afronta ao bom senso e, principalmente, a saúde púbica do Estado e pasmem, as autoridades locais fazem vista grossa, alegando que as empresas do entorno do Lago gera emprego e outros favores aos políticos propineiros do Estado e do Município. Saiba todos que aqui no Amazonas a prática dos governantes funda-se no principio de que os fins justificam os meios. La fora, falando para os gringos e incautos, o papo é outro.

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