quarta-feira, 28 de outubro de 2009

MOSTRA ETNOGRÁFICA INICIA EM GRANDE ESTILO


Khemerson Macedo (*)

Na última terça-feira a IV Mostra Amazônica do Filme Etnográfico deu o pontapé inicial em suas atividades. Cercados de intelectuais, antropólogos, realizadores, estudantes e público em geral, a coordenadora-geral do NAVI, professora Selda Vale da Costa saudou os presentes dando boas-vindas aos presentes e reafirmando o papel da Mostra Etnográfica enquanto fórum de discussões do produto audiovisual bem como da antropologia visual.

Na seqüência, o Mestre de Cerimônia, jornalista Cristóvão Nonato convidou ao púlpito o grande homenageado da Mostra desse ano, o cineasta britânico Adrian Cowell, cuja carreira como documentarista do Canal londrino BBC, retratando os povos indígenas e todo o processo de contato com os “brancos”, será transmitido ao público deste ano através da Mostra Paralela Adrian Cowell, com a organizadora da pesquisadora e curadora da mostra Stella Oswaldo Cruz Penido, também presente na Mostra Etnográfica deste ano.
Além da presença do grande homenageado Adrian Cowell, a cerimônia de abertura da Mostra Etnográfica cedeu espaço para uma merecida homenagem ao saudoso professor Narciso Lobo a partir da fala do pesquisador e um dos organizadores da Mostra Gustavo Soranz, além do filme Janela Para o Outro, dos diretores Sávio Stocco e Michelle Andrews, que, durante seis minutos, apresentam uma entrevista feita ao saudoso professor onde este fala de seu amor o cinema e como este pode se constituir em uma janela para o outro (daí o título do curta-metragem).

Em continuidade aos trabalhos, após a apresentação oficial, foi a vez da exibição ao público do filme A Tribo Que se Esconde do Homem, produção britânica de 1970 totalmente remasterizada e que narra, a partir de uma tradicional locução in off do sertanista Cláudio Vilas-Boas, o processo de contato dos irmãos sertanistas (Cláudio e Orlando Vilas-Boas) com a arredia tribo dos Kreen-Akroro, situada nas proximidades do Xingu, mostrando o quão difícil foi este contato. Paralelamente, percebe-se no filme um discurso paradoxal entre progresso e civilização onde, numa primeira análise, nos apresenta o quanto complexo foi, e continua sendo, de certa forma, a questão indígena no Brasil, com a diferença de que naquela época os conflitos entre índios e brancos eram impulsionados pelo caráter interventor do Governo Militar.

Finalizando o primeiro dia de Mostra Etnográfica, foi oficialmente aberto ao público a exposição fotográfica do professor e pesquisador Julio César Schweickardt, intitulado: “História e Ciência: re-tratando corpos e espaços no Amazonas (1910-1930). Na seqüência, deu início a uma sessão de autógrafos dos livros: “Jorge Bodansky: o Homem com a câmera” e “Vladimir Carvalho: pedras na lua, pelejas no asfalto” com a presença do autor e crítico de cinema Carlos Alberto Matos.

A IV Mostra Amazônica do Filme Etnográfico terá continuidade hoje a noite, com Mostras Paralela e Competitiva. Para saber mais, confira a programação no site: www.mostraetnografica.ufam.edu.br.

Foto: Khemerson Macedo

* É Coordenador de Pesquisa do NCPAM/UFAM

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