quinta-feira, 6 de agosto de 2009
HISTÓRIA DO JORNALISMO
Cláudio Barbosa
Na nova redação de A Crítica, localizada à rua Joaquim Sarmento, havia concentração de atribuições nas mãos do Chefe de Redação, Peri Augusto. Ele fazia a primeira página, controlava a coluna Sim e Não, editava Cidade e Política. Eu era o Chefe de Reportagem e tive apoio da direção para fazer as mudanças que eram necessárias. O Flávio Assen, que era da área política, assumiu a Editoria de Política; o Paulo França, com o aval da direção, passou a ser o responsável pelo Sim e Não, enquanto eu fiquei responsável pela Editoria de Cidade e a Chefia de Reportagem. Mas foi na primeira página que aconteceu a grande mudança.
Esse é um fato ignorado pela grande maioria dos colegas jornalistas, até mesmo por quem estava à época no jornal e que eu particularmente, considero como algo de muita importância dentro das atribuições de uma redação. Até àquele momento, a primeira página de A Crítica era uma missão atribuída ao Chefe de Redação, mas a partir dessas mudanças foi criada a figura do Editor de Primeira Página.
O editor
O primeiro Editor de Primeira Página foi o Mário Monteiro de Lima. Ele era Editor Nacional de A Crítica e também correspondente do jornal O Globo. Profissional de raro talento, Mário era extremamente rápido, tanto na produção de matérias quanto na formatação de títulos. A partir dessa definição, Mário assumiu a primeira página do jornal, enquanto o Peri Augusto foi mantido na Chefia de Redação, mas sem a concentração de atribuições que vinha tendo.
Foi a partir dessa definição que também se criou a reunião das 17 horas, quando todos os editores levavam ao Mário Monteiro e ao Peri o balanço do dia, tanto em relação aos textos quanto fotografias. Sem os recursos da internet, Mário Monteiro era um dos mais rápidos que conheci até os dias atuais.
No comando de uma Olivetti, Mário definia manchetes, títulos, chamadas e legendas, sem gritos ou estresse, sempre discreto e elegante, tanto no trato com as pessoas quanto na condução do texto. Não havia internet, a programação de televisão engatinhava em Manaus, os procedimentos para produzir um jornal todos os dias eram muito cansativos e manuais, mas raramente se saía da redação após as 22 horas. Só mesmo quando se tratava de alguma rodada importante de jogos de futebol. Na maioria das vezes entre 19 e 21 horas o jornal estava fechado. Um bom jornal é àquele que chega cedo às bancas.
Durante muitos anos, Mário comandou a primeira página e só deixou a função após uma greve da categoria, quando eu também estava em outra empresa, em Belo Horizonte. A efetivação do Editor de Primeira Página foi importante para distribuir melhor as tarefas, organizar de forma mais equilibrada a redação e aproveitar o potencial de um profissional com o raro talento do Mário Monteiro, além de abrir o mercado de trabalho, pois à medida em que se descentraliza, abre-se espaços para a contratação de outros profissionais.
É desses anos um dos grupos que considero dos mais talentosos de passagens pela A Crítica. Entre outros, faziam parte da redação: Mário Monteiro, Mário Adolfo, Inácio Oliveira, Carlos Dias, Antônio Menezes, Luizinho Nascimento, Aldísio Filgueiras, Gabriel Andrade, Isaias Oliveira, Célio Jr. (nos passos iniciais ainda como repórter), Jorge Estevão, Francisca do Vale, Paulo França, Sebastião Assante, Agnelo Oliveira, Sebastião Reis (ainda como repórter de esportes e antes de fazer carreira no Rio de Janeiro), Flávio Seabra, Humberto Gomes, Ajuricaba Almeida, J. Nogueira, Altair Rodrigues (O Capitari, que faleceu em acidente de carro na BR-174, antes do asfalto), Luis Otávio, José Veríssimo, entre outros…
Não dá para esquecer o nome de Josué, motorista de confiança do Calderaro que trabalhava a serviço da redação. Josué era torcedor fanático do Nacional e do Vasco. Era uma figuraça que tratava o Calderaro de Calderaro mas dona Rita, a esposa do dono, sempre de Dona Rita, e a Cristina Calderaro sempre de Cristina. Josué trabalhava no horário da tarde mas entrava pela noite. Fã de futebol era sempre quem acompanhava a equipe ao estádio.
Foi nessa época que começamos a pensar na criação do Caderno C, um caderno de variedades que iria circular as…
Mas esta é uma história mais para a frente!
Fonte: O Avesso
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