sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CAREIRO DA VÁRZEA DIZ "NÃO" AOS EMPRESÁRIOS DA LAJES



A terceira audiência pública sobre o Porto das Lajes, marcada para ocorrer na última quinta-feira (27/08), na comunidade do São Francisco do Careiro da Várzea, terminou em vexame para os empresários pertencentes à Lajes Logística S.A e para os “especialistas” responsáveis por apresentar os estudos complementares do EIA/ RIMA Porto das Lajes aos comunitários do Careiro da Várzea. Tudo começou quando, mobilizados contra a realização da dita audiência (há dias suspensa pelo Ministério Público Estadual), os comunitários presentes rejeitaram a presença dos empresários e do corpo técnico do IPAAM responsável pela direção dos trabalhos e impediram que o evento se realizasse.

Ocorre que os comunitários do Careiro da Várzea já sabiam de antemão que a audiência marcada para acontecer ali já havia sido suspensa. Segundo o líder comunitário da Colônia Antonio Aleixo, Sr. Isaque Dantas, os moradores do Careiro da Várzea não vêem com bons olhos o empreendimento do Porto das Lajes, principalmente porque não prevê condições reais de sustentabilidade para as comunidades impactadas. Além disso, a falta de compromisso dos empresários da Lajes Logística S.A traduz-se na forma nada profissional com que estes senhores veiculam informações ambíguas a respeito do empreendimento.


Outras fontes jornalísticas dão conta do ocorrido. Em matéria veiculada hoje no site Portal Amazônia, a diretora-presidente do IPAAM Aldenira Queiroz, recebeu de um oficial de justiça a cópia de uma medida liminar, expedida pelo juiz da Vara Especial do Meio Ambiente e Questões Agrárias, Senhor Adalberto Carim Antonio, suspendendo a audiência pública no Careiro da Várzea, minutos antes desta se deslocar à comunidade via Porto da Ceasa. A liminar havia sido solicitada pelo Ministério Público Estadual. Continuando, o Portal Amazônia afirma: “com o cancelamento, alguns membros do IPAAM e representantes da empresa responsável pela construção do Porto das Lajes decidiram continuar a viajem para explicar o motivo do cancelamento aos comunitários” (leia a materia completa aqui).


Não é o que informam as lideranças comunitárias. A presença dos “empreendedores” e dos representantes do IPAAM foi interpretado pelos comunitários locais como desrespeito, visto que estavam ali para realizarem sim, a audiência, fato que gerou uma reação mais enérgica por parte dos presentes, só amainada com a retirada do IPAAM e dos empresários da Lajes Logística do lugar, após estes entenderem que a comunidade do Careiro da Várzea posiciona-se contra a construção do Porto das lajes, por entenderem que faltam informações a respeito do empreendimento, além de não dar garantias concretas de que o empreendimento não irá impactar as comunidades do entorno do Encontro das Águas e do lago do Aleixo.


Humilhados por terem sido ignorados pelos comunitários organizados, os representantes da Lajes Logística, bem como o IPAAM (que pagou um pato desnecessário simplesmente por descumprir uma determinação direta do MPE e que agora passa a ter posta em dúvida sua idoneidade), saíram da comunidade do São Francisco do Careiro da Várzea dispostos a marcar nova audiência pública caso necessário.
O que estes senhores não querem compreender é que a receptividade encontrada por estes no último sábado na Colônia Antonio Aleixo não condiz com a realidade dos fatos, uma vez que naquele momento o clima favorável se deu graças à cooptação de algumas dezenas de moradores que, fardados com as camisas do empreendimento, deram uma impressão errada de aprovação, numa audiência falsa e sem contrapartida alguma. A reação diametralmente oposta ocorrida no Careiro da Várzea foi possível graças a combinação de forças da comunidade do São Francisco e da Colônia Antonio Aleixo que, ao contrário do que tenta convencer a propaganda pesada dos empresários do Porto das Lajes, estão contra a construção do Porto naquelas imediações e, unidas mais do que nunca, hão de barrar este despropósito, com a ajuda do movimento S.O.S Encontro das Águas.

Pelo visto, os próprios comunitários articulados e organizados estão encontrando o antídoto para a Síndrome do Porto das Lajes, ao qual se referia nosso ilustre Tenório Telles.

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