Ademir Ramos*
À medida que se aproxima a realização das Audiências Públicas para se examinar e avaliar os Estudos e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) do Porto das Lajes Atualizado, a empresa local e nacional aliada com a banda podre da política estadual arma um grande circo para impactar as lideranças da sociedade civil manauara, mostrando virtualmente, que a construção do Porto da Log-In Logística Intermodal S/A, nas mediações do complexo ambiental Encontro das Águas, é a salvação da lavoura para os desempregados, empresários, políticos e outros rufiões que vêem na Amazônia condições materiais para se promover atos de rapina em prejuízo ao meio ambiente, às comunidades tradicionais e a vida no planeta.
Até agora, não se sabe por quê o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão licenciador do empreendimento não publicou edital, dando publicidade das datas e locais das Audiências Públicas requeridas pelos comunitários da Colônia Antonio Aleixo, Mauzinho, Careiro e outras frentes que também se mobilizam para discutir e conhecer as razões que levaram propor a construção de um porto na circunscrição das Lajes e do nosso cartão postal, que é o Encontro das Águas.
Nos bastidores comentavam que todos estavam esperando pelo retorno do governador Eduardo Braga (PMDB), que estava de férias. Agora com sua volta, revigorado, talvez a direção do IPAAM, não cometa novamente o ato de publicar no diário oficial em letras miúdas, o novo edital, negando dessa feita a transparência do ato e o acesso a informação.
A estratégia dos rufiões da Log-In e os propineiros da política do Amazonas é isolar os comunitários e o movimento social, dando um tratamento local para a matéria. No entanto, as lideranças ampliam suas forças e buscam novos parceiros nacionais e internacionais para barrar o empreendimento.
Para a consecução dessa estratégia fez-se consulta em Brasília junto ao poder judiciário para melhor se inteirar do processo e estabelecer uma rede solidária pautada na “Carta de Manaus” recém aprovada pelos operadores do judiciário brasileiro, no I Seminário de Direito Ambiental realizado na capital do Estado do Amazonas, na primeira semana de maio. O documento é um compromisso responsável do Estado Brasileiro frente aos desmandos contra o meio ambiente e a sociobiodiversidade.
De todas essas veredas percorridas por terra e rio temos a certeza que não estamos sós. A nossa luta contra a construção do Porto das Lajes é meritória, devendo vingar como um sonho sonhado por todos amazonenses, brasileiros e cidadãos do mundo que amam a Amazônia e lutam no presente e pelo futuro da vida no planeta. Nesse momento precisamos de todos para multiplicar as nossas forças e informar ao mundo a trama urdida contra as nossas florestas, rios e lagos, manifestando sua indignação e sendo solidário com o povo aguerrido do Amazonas.
*Professor da UFAM, Antropólogo e Coodenador Geral do NCPAM
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