sexta-feira, 14 de agosto de 2009

VEREADORES DE MANAUS PODEM PROCESSAR ESTUDANTE



Terezinha Torres
Da equipe de A CRÍTICA

O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Luiz Alberto Carijó (PTB), disse ontem que não vê nada de anormal nas nomeações de parentes de vereadores feitas pelo prefeito Amazonino Mendes (PTB).

Para Carijó, seria ingenuidade pensar que é possível compor maioria no Parlamento sem que isso passe pela composição do Governo. “Isso é assim aqui e em qualquer parte do mundo”, argumentou.

Carijó, no entanto, mostrou-se irritado com a associação das recentes nomeações feitas pelo prefeito ao processo de votação da emenda da meia-passagem estudantil ocorrido em junho na Câmara.

“Não fizemos barganha nenhuma em prol de votação. Falo em nome da instituição e tenho certeza que os vereadores não fizeram isso. Não posso admitir que se diga que aqui é uma casa de vendilhões”, afirmou Carijó em pronunciamento feito na tribuna da Câmara.

Interpelação

O presidente disse, ainda, que a Câmara vai analisar a possibilidade de interpelar judicialmente o estudante Yann Evanovick, representante da União Municipal de Estudantes Secundaristas (Umes).

Em entrevista a A CRÍTICA, na segunda-feira, Yann disse acreditar que as nomeações foram uma espécie de pagamento feito por Amazonino aos vereadores pela aprovação da emenda. “Ele vai ter que provar o que disse”, reagiu Carijó.

Ontem, Yann disse que considera um “diploma de honestidade” ser processado por um Poder “que legitima aumento de tarifa de ônibus e reduz direitos dos estudantes”.

Para ele, se não existe ilegalidade é, no mínimo, estranho que as nomeações dos parentes de vereadores tenham ocorrido às vésperas de uma votação tão importante quanto foi a da emenda da meia-passagem.

A legalidade das nomeações de parentes de vereadores feitas pela Prefeitura será objeto de análise do Ministério Público Estadual (MPE). O órgão ministerial vai analisar, por exemplo, se há configuração de nepotismo nas contratações.

Na edição de ontem de A CRÍTICA, a secretária de Comunicação da Prefeitura descartou qualquer relação entre as nomeações e a aprovação, pela Câmara, da emenda à Lei Orgânica de autoria do Executivo Municipal que reduziu o número de passes estudantis. Ontem, voltou a reafirmar a posição.

Explicações

Entre os vereadores beneficiados com nomeações de parentes, somente Leonel Feitoza (PSDB) usou a tribuna ontem para falar do assunto. Disse que “não se sente como se tivesse feito algo de errado” e argumentou que a esposa - Rosana Léa Feitoza - tem boa formação (é economista e aluna finalista de Direito) e já ocupou diversos cargos no Governo do Estado e na Prefeitura.

Da tribuna, Leonel alfinetou o vereador Marcelo Ramos (sem partido) que ao ser procurado pela imprensa para comentar as nomeações disse que não permitiria que parentes seus fossem nomeados para o Executivo.

“Essa ética deve valer só para o Executivo municipal porque essa pessoa teve e tem parentes no Executivo estadual”, disse o tucano, sem citar nominalmente Ramos. Mais tarde, foi a vez de Ramos ir à tribuna dizer que “não manda recados” e negar que tenha parentes empregados em qualquer uma das duas esferas de Poder.

Em entrevista a A CRÍTICA, O líder do prefeito na Câmara, vereador Isaac Tayah (PTB), também considerou normal a nomeação do irmão dele, o economista Nathan Tayah. Isaac disse que não pode “engessar a família, formada por pessoas sérias e competentes” e impedir que alcancem qualquer cargo.


Foto: Câmara do Espeto Corrido, retirada do site O AVESSO.

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