sexta-feira, 14 de agosto de 2009

POVOS DA FLORESTA NO ACRE DEBATEM AQUECIMENTO GLOBAL



por Altino Machado, Blog da Amazônia

C
omeçou nesta quarta-feira, em Rio Branco (AC), o seminário de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) e Povos da Floresta, organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável, uma coalizão de 168 entidades civis de todo o Brasil.

Representantes de organizações de seringueiros, indígenas e agricultores familiares do Acre participam do evento que ajudará a capacitar parte das populações tradicionais da Amazônia para o debate internacional sobre REDD.

O mecanismo deverá ser definido este ano na Conferência do Clima em Copenhague (COP 15) e poderá constar como uma das estratégias do novo acordo climático global para ajudar a conter as emissões de gases do efeito estufa.

O governador do Acre Binho Marques (PT) participou da abertura do evento na companhia do prefeito de Rio Branco Raimundo Angelim (PT) e do ex-governador petista Jorge Viana, que preside o Fórum Empresarial de Desenvolvimento Sustentável do Acre.

Marques se referiu à senadora Marina Silva (PT-AC), que demonstra a disposição de ser candidata à presidência da República pelo PV. Ele disse que se sente orgulhoso porque a ex-ministra do Meio Ambiente carrega todo o legado do líder sindical e ecologista Chico Mendes, assassinado por um complô de fazendeiros em dezembro de 1988.

- Estamos construindo algo no Acre bem antes de a ecologia virar moda. Isso começou em 1976, quando homens, mulheres e crianças realizaram o primeiro “empate”, isto é, a defesa organizada e pacífica da floresta. O que era uma causa de poucos aqui, no Acre, só poderá sobreviver se se tornar uma causa planetária - afirmou o governador.


O ex-governador Jorge Viana, que diz estar de quarentena quanto a fazer declarações sobre a decisão de Marina Silva, lembrou que neste momento o Acre está no foco de dois importantes debates - o futuro da senadora e o futuro do planeta.

- O Brasil inteiro, as pessoas ligadas à política ambiental, todas discutem isso. Estamos vivendo uma hemorragia dos recursos naturais. Se não for estancada, logo enfrentaremos graves conseqüências - disse o ex-governador.

Serviços ambientais

Devido aos serviços ambientais prestados (manutenção de matas nativas, água e biodiversidade), os povos da floresta podem ser beneficiários de um futuro mecanismo de REDD.

O tema é de interesse do Brasil, pois o país detém as maiores extensões de florestas tropicais nativas do mundo. O REDD pode significar recursos financeiros para ajudar a manter os modos de vida tradicionais e projetos de desenvolvimento sustentável para as comunidades que vivem na Amazônia.

- Se a sobrevivência da floresta está em jogo, a nossa também está. Por isso, queremos uma posição clara por parte governo brasileiro sobre o REDD, mas que beneficie o povos das florestas - defende Júlio Barbosa, do Conselho Nacional dos

Seringueiros.

Segundo Barbosa, o Brasil pode liderar o debate mundial sobre o tema, incluindo os povos tradicionais nas discussões, porque tem milhares de comunidades e as maiores extensões florestais nos trópicos.

- Já somos muito prejudicados com o desmatamento e seremos ainda mais afetados com a prováveis alterações climáticas e seus efeitos sobre a floresta - alerta Rubens Gomes, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).

Povos tradicionais que vivem na Amazônia são responsáveis pela preservação de milhões de hectares de mata nativa na região. As florestas localizadas em terras indígenas e reservas extrativistas na Amazônia brasileira estocam cerca de 15 bilhões de toneladas de carbono, conforme estudo do Instituto de Pesquisa da Amazônia. Isso equivale a 30% dos 47 bilhões de toneladas de carbono que, calcula-se, estão fixadas nas florestas da região.

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