sexta-feira, 7 de agosto de 2009

EM DISCUSSÃO A QUESTÃO INDÍGENA E AMBIENTAL



O professor Ademir Ramos, coordenador geral do NCPAM, abriu a Assembléia Geral da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil- Norte 1), falando de sua trajetória como militante da igreja, iniciada na década de setenta, junto ás organizações de base, como militante em prol das causas humanitárias. Mencionou inclusive ter sido um dos fundadores do PORANTIM, o famoso periódico especializado na luta pelas causas indígenas. Conta que, no decorrer dos anos trabalhando na pastoral política, houve uma mudança significativa da posição da igreja; se na época da ditadura estava voltada para interesses divergentes as aspirações da população, a partir da década de noventa ela reformulou completamente sua posição política ao se tornar mais próxima aos anseios democráticos. Um exemplo disso é o seu posicionamento contra a construção do Porto das Lajes.

Aliás, ao discutir a questão da construção de um porto no encontro das águas, o professor reitera que a discussão é na verdade muito mais ampla, abarcando a questão sobre o modelo de desenvolvimento escolhido para a Amazônia: se é um modelo predatório, imposto de cima para baixo, ou um modelo sustentável, que leva em conta as necessidades da população. As Lajes, sendo comprovadamente um sítio arqueológico que além de ser extremamente importante do ponto de vista cientifico e histórico mantê-lo preservado, também apresenta um elevado potencial turístico, gerenciado pela e em prol da comunidade para sanar suas carências sociais.

O porto das lajes, entretanto, não pode ser compreendido sem levar em conta a máfia verde existente na Universidade, composta por pesquisadores que usam o nome da universidade para leiloar relatórios de impacto ambiental (EIA/RIMA).

A Log-in intermodal, a empresa que esta a frente das articulações pelo porto, tem feito uma verdadeira guerra suja para empreender a construção do Porto, usando a velha técnica romana de guerra, dividir para conquistar, jogando protestantes contra católicos. Os empresários, que conta em suas fileiras o Grupo Simões, afirmam que os protestantes, que já foram subornados pelo poder do capital, são partidários do progresso, enquanto os católicos, opositores a construção do porto, são contra o progresso.

O movimento SOS Porto das Lajes tem o apoio de intelectuais como Marcio Souza e Tenório Teles.

O professor Ademir Ramos finalizou sua palestra alertando para os perigos da indiferença, pois é ela a causadora dos mais diferentes males. É portanto, dever da sociedade civil e de outros segmentos contestadores da sociedade estarem atentos as ameaças que um modelo de desenvolvimento autoritário pode causar ao meio ambiente e à sociedade amazônica.

Questão Indígena em Roraima

A palestra contou com a participação do missionário Mario Campos, de Roraima, que falou sobre a Reserva Raposa Serra do Sol e da condição miserável dos indígenas no Estado, que são inclusive humilhados pelos brancos.



A partir dos anos oitenta e noventa, segundo Pe. Campos, houve várias articulações importantes em prol de melhores condições pelos indígenas como, por exemplo, a criação de escolas de qualificação que, infelizmente, já foram atacadas por fazendeiros que se opõe aos indígenas. Entretanto, estas escolas, apesar das dificuldades, tem se mantido e já se pensa em elevá-la a condição de Universidade Indígena. Os índios, segundo o padre, reivindicam terra, identidade e autonomia, com produção agrícola sustentável, sistema de leis indígenas, conhecimento da medicina tradicional e educação aos seus descendentes.

Questionamentos

Durante o momento para questionamentos, o professor Ademir Ramos falou sobre o poder do capital, que se apresenta sobre várias máscaras, como uma arma extremamente forte para a exploração e para o aliciamento dos oprimidos. A sustentabilidade nesse sentido, era mais uma grande armação do capitalismo.

O grande desafio para o desenvolvimento na Amazônia seria a construção de um modelo endógeno, ou seja, criados pela própria sociedade amazônica, para resolver os problemas típicos de nossa gente.

A Assembléia dos Religiosos do Brasil-Norte 1 foi uma grande oportunidade para se discutir os problemas amazônicos, como a questão indígena e a sustentabilidade na região, e propor assim novas alternativas de luta política por parte dos setores de base da Igreja Católica e de outros segmentos críticos da sociedade civil.

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