terça-feira, 4 de agosto de 2009

O PODER POLÍTICO DAS EMPRESAS DE ÔNIBUS

Andre Araujo*

Os transportes coletivos urbanos no Brasil poderiam ser um ramo moderno, eficiente e lucrativo, administrado racionalmente por empresas de capital aberto, como as estradas paulistas. O setor é dos mais atrativos porque tem uma receita previsível, à vista.

Porque isso não acontece? Porque há uma parceria corrupta entre empresas mafiosas e o poder publica municipal de todo os Pais, aonde as concessionárias são as maiores financiadoras da política municipal. Para operar dessa forma, os concessionários são empresas com contabilidade suspeita, alaranjadas, costumam não pagar impostos e previdência, são campeões de infrações trabalhistas, os donos são empresários-bacalhaus, indivíduos espertíssimos, semi-analfabetos, ousados, o que faz do setor nacionalmente um ramo fronteiriço, faz mais parte da economia informal do que da formal.

O setor é dominado por cinco grandes grupos e uma dezena de grupos intermediários.

Um mesmo grupo tem concessões de Belém ao ABC, as práticas são iguais, a chave do negócio é a associação com a banda podre da política municipal, que se beneficia do esquema e é por isso que não interessa mudar nada, o caos é lucrativo.

Grandes empresas bem estruturadas, sérias e modernas nem sonham em entrar nesse ramo que teria tudo para ser interessante para grupos que investem em concessões. Porque? Porque é preciso operar no esquema da política municipal e os grupos empresariais mais eficientes dos Pais não querem entrar nesse lamaçal.

Enquanto isso, o cidadão passageiro é pessimamente servido, não há realmente competição, o setor inteiro é um grande cartel, as linhas são acertadas em mesas de restaurantes entre bacalhoadas e vinhos verdes, não há nenhum interesse em melhorar.

A mão de obra não é incentivada a evoluir, é explorada ao máximo, as pessoas jurídicas no negocio são meras fachadas, os grupos ficaram tão poderosos que também tem as revendas que abastecem as frotas, a chave de tudo é a barganha com o poder municipal. É uma cosa nostra nacional e o Brasil das cidades grandes e médias paga um pesado preço por esse arreglo politico-empresarial, que vem de longe.

Em tempo, o transporte coletivo nas grandes cidades do mundo em geral é, estatal, como em Nova York, Paris e Londres.

Como resolver, se o Governo quiser? Montar um sistema nacional de regulação desse setor, como há no transporte interurbano de passageiros. Poderia ser no Ministério das Cidades. Montar um sistema nacional de autorização e licitação para as empresas concessionárias, exigindo capital mínimo, direção profissional, identificação do controle, padrões de ônibus e carrocerias. A habilitação nacional de empresas vedará o esquema de “alaranjamento”, que vai deixando pelo caminho mega dividas com a Previdência, com os empregados e com o fisco.

Limitar a presença de grupos a um numera máximo de cidades.

Exigir a presença dos controladores nas diretorias e folha corrida desses diretores, vetando a presença de laranjas.

Não precisa diagnostico, todo mundo sabe o raio X do setor, basta à vontade política de reformá-lo.

Um bom sistema de transportes coletivos é fundamental para a melhoria do transito e da qualidade de vida nas grandes e médias cidades brasileiras, aonde vive 80% da população do Pais.

Fonte: Blog do Luiz Nassif

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