Paulo Lima é um dos coordenadores do Pontão de Cultura Digital do Tapajós e também de uma rede de telecentros ribeirinhos nos rios Tapajós e Arapiuns, no oeste do Pará. Historiador por formação e professor na área de jornalismo online em Santarém, ele é um dos articuladores do Fórum Amazônico de Cultura Digital, que está representada aqui na rede culturadigital.br por um grupo de discussão que reúne 33 pessoas.
A proposta do Fórum, criado no I Encontro de Conhecimentos Livres do Pontão de Cultura Digital do Tapajós, é contribuir com a discussão e o avanço de ações de cultura digital nas características específicas da região. “São longas distâncias, muita dificuldade de infra-estrutura, isolamento e dificuldades com acesso à internet, que justificaram a criação desse espaço, para que o Brasil tenha como conhecer melhor nossa realidade”, explica Paulo. Em entrevista por email reproduzida abaixo, ele conta um pouco do trabalho feito por lá.
O que é o Fórum Amazônico de Cultura Digital?
O Fórum Amazônico de Cultura Digital foi criado no I Encontro de Conhecimentos Livres do Pontão de Cultura Digital do Tapajós. Foi criado por representantes de Pontos e Pontões de Cultura, Telecentros, Infocentros e ativistas da cultura digital e do software livre. A idéia é contribuir com a discussão e o avanço de ações de cultura digital nas características específicas da Amazônia. O Fórum foi criado por entidades do Pará, Roraima e Amazonas. Mas não é um Fórum fechado, a proposta é somar, atrair mais parceiros e fazer com que nossas questões sejam melhor debatidas e consideradas na formulação das políticas públicas.
Nos eventos presenciais, que tipo de experiências foram trocadas?
Nós temos trocado experiências de oficinas diversas entre os Pontos e Pontões de cultura. São oficinas de tratamento de áudio e vídeo para registro da memória cultural das comunidades tradicionais, manejo de câmera e noções de fotografia e produção audiovisual.
Como usar a cultura digital, as novas tecnologias para promover a identidade cultural regional?
A cultura digital traz para a recuperação e promoção da cultura tradicional o jovem que até então não se interessava por ela. A banalização da produção cultural das televisões influencia negativamente a formação do jovem que vê a cultura do seu entorno como retrógrada ou atrasada. Quando ele se torna capaz de estimular essa cultura tradicional, como quem filma, edita e distribui na internet, ele passa a olhar de forma diferente essa cultura tradicional.
E como é trabalhar com cultura digital driblando os problemas de infraestrutura como alto preço da banda larga, problema de conectividade, falta de acesso
Essa é a parte mais difícil. Sem energia disponível, com dificuldades na formação educacional dos jovens, longas distâncias e pouco recurso disponível, só contando com muita disposição e criatividade. O fundamental aqui é promover parcerias, vincular projetos e fortalecer ações, por isso o Fórum Amazônico de Cultura Digital é tão importante.
A quem é destinado o grupo de discussão Fórum Amazônico de Cultura Digital criado no culturadigital.br? Como as pessoas que estão longe geograficamente podem participar? Que tipo de contribuições são esperadas?
O Fórum é destinado a todos e todas que participam em ações de cultura na Amazônia. Por aqui existe uma demanda muito forte por comunicação e participação. Isso no sentido de quebrar a barreira da invisibilidade de nossa cultura e tradição ribeirinha, caboclo, quilombola e indígena. Todos podem participar. O Fórum irá reunir informações sobre as atividades de cultura digital em nossa região, oportunidades de capacitação, de projetos, de iniciativa e, claro, é um espaço de pressão para o reconhecimento da força de nossa cultura.
Participe do grupo de discussão sobre o Fórum Amazônico no Fórum da Cultura Digital Brasileira
Carta de Santarém: propostas para a região
Fonte: http://www.trezentos.blog.br/?p=3739
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