quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O VERDE DA ESPERANÇA


Ademir Ramos (*)

“Não devo me sentir sozinho no mundo porque não participei de sua construção", esta máxima lavrada numa pia batismal das ruínas de uma catedral medieval em terras florentinas faz pensar que todos somos responsáveis pela governança do planeta, o que nos transforma em protagonista da história na perspectiva de tomar pela mão o mando das coisas de forma compartilhada reciprocamente. Falo desse modo para que se compreenda o quanto os homens conscientes sofrem para edificar novos projeto de relação, que promova salto de qualidade, superando obstáculos dos mais variados em direção à sustentabilidade dos homens no mundo de forma saudável traduzido em valores, capazes de celebrar ação consensuada e o equilíbrio entre as forças contrárias cultivando o verde da espererança.

Os projetos em construção pautam-se na diversidade, na aptidão e habilidade de cada um movidos por um sonho coletivo. Esta manifestação não se dá de forma espontânea e natural, ao contrário origina-se do poder de determinação dos agentes legitimamente instituídos ou instituível contextualizados numa determinada ordem social regido por forças amparadas na tradição do Direito.

O sonho coletivo, possivelmente será traduzido em projeto de relação, sendo necessariamente compartilhado e vivenciado por seus atores responsáveis de efetivar suas ações no horizonte de uma sociedade organizada. Nada justifica o isoladamente do homem, mesmo porque enquanto sujeito ele participa direta e indiretamente da formação do mundo construído a sua imagem e semelhança. Condenado a viver em sociedade, os homens buscam na prática definir formas comportamentais e estabelecer limites que justifique o seu Estado de Direito, garantindo a si e a outro a liberdade como valor de participação no campo das lutas renhidas da política.

Nesse campo, definem-se as organizações sociais a partir de sua Forma Política, ganhando corpo e musculatura como expressão de um aprendizado, culturalmente centrado num processo produtivo capaz de transformar o mundo e os homens tal como livres ou escravos de suas paixões, dominados por relações de poder e de força exaurindo o homem e seus recursos naturais em forma de mercadoria; em outro momento tanto os homens livres quanto à natureza fundem-se num outro cenário regido pelo equilíbrio relacional pautado na vida e no saber dos povos mediado pelos recursos naturais, quebrando dessa feita, com o pensamento único dominante e se iniciando novos processos de relação e convivência social e culturalmente demarcada não mais no homem em si, mas na relação definida com a natureza equacionada, por sua vez, nas formas de sustentabilidade de seus ecossistemas.

É nesse momento de transição que nos encontramos hoje, marcado pela tensão de interesses econômicos de corporações privadas e públicas, que se recusam a participar dessa nova pactuação por ferir de morte a expansão industrial de seus países. Outros procuram ancorar suas propostas nessa "onda ambientalista" para tirar proveito imediato, recorrendo à mídia para construir imagem surreal caracteriza por uma identidade de papel, que em pouco tempo será desfeita e transformada em pó, somente pó, sendo varrida da história.

Portanto, façamos enquanto é tempo a nossa parte e em rede social devemos nos indignar contra as promessas daqueles que poderia fazer muito mais e não fazem por estarem comprometidos com os interesses particulares, que muitas vezes são irresponsáveis ambientalmente por grande acidentes, provocando danos que poderiam ser evitados se não fossem autoritários e estropiados pela força da acumulação do capital. Do poder público devemos sim de forma organizada exigir mais transparência nas decisões pertinentes à relação que vise à proteção dos recursos naturais e conseqüentemente resulte na qualidade de vida dos homens, vislumbrando empregabilidade com sustentabilidade para essa e futura gerações.

(*) Professor, antropólogo e coordeanador geral do NCPAM/UFAM.

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