sábado, 12 de dezembro de 2009

COP 15: TUDO É DITO E NADA SE SUSTENTA

O clima em Copenhague está bantante quente, duvida-se dos governantes e de suas metas instituídas para reduzir o desmatamento até 2050, fala-se em sustentabilidade enquanto investe-se cada vez mais nas poderosas plataformas de petróleo em alto mar, o Brasil está inserido entre estes. Os países emergentes, que alguns qualificam como "famintos e sedentos" pela postura dos seus governantes, que pouco o nada discutem científicamente, querem unicamente uma definição quanto à captação de recurso financeiro internacional para bancar projetos dos mais mirabolantes sem nenhum comprovação científica.

A COP 15 se transformou num grande foro de negociadores mercantis ávidos de lucrar, reduzindo a floresta e as condições materiais do planeta em objeto de disputa, comprometendo diretamente as Agência Financiadoras com vultosos investimentos. Nessa hora tudo é dito, mas nada se explica de acordo com a matriz da ciência ambiental e afins. Noticiário da Agência Estado informa sobre o "bate cabeça" entre os negociadores e aponta as veredas que estão sendo abertas na perspectiva de se focar objetivos e metas favoráveis à vida no Planeta, confira.

O principal negociador da União Europeia (UE) para o clima, Artur Runge-Metzger, cobrou ontem do Brasil uma posição sobre o uso do petróleo do pré-sal. Apesar de satisfeito pela "mesa não estar mais vazia" de propostas dos países em desenvolvimento, ele diz que ainda há muitas questões em aberto para saber se as metas anunciadas até agora são suficientes ou não.

"O Brasil falou em reduzir o desmatamento e colocou números porcentuais, a China disse que vai diminuir a intensidade de carbono e a Índia também. Mas há questões pendentes. No Brasil, o que vocês estão fazendo no setor industrial? Sabemos que muito petróleo foi encontrado em frente à costa brasileira. Ele será usado em grande escala?", indagou. Runge-Metzger ressaltou que até hoje "a matriz energética é limpa, majoritariamente de hidrelétricas" e que o País tem a vantagem de usar muito biocombustível. "Mas isso pode mudar radicalmente se essa grande quantidade de petróleo for utilizada."

O negociador europeu também se queixou do fato de ainda não ter conseguido discutir de que forma as metas de redução das emissões de gases causadores do estufa dos países em desenvolvimento entrarão no texto de Copenhague. "Estamos aqui há quatro dias e não conversamos sobre isso. É frustrante para nós."

Já o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou o Brasil ontem, em Oslo, onde recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ele disse estar "muito impressionado" com o Fundo Amazônia - que recebe doações de países para permitir a conservação da floresta e, assim, evitar a emissão de gases-estufa resultantes do desmatamento. Para Obama, "esse é, provavelmente, o meio mais barato de enfrentar a questão: montar um corpo efetivo de mecanismos para evitar novos desmatamentos e, quem sabe, plantar novas árvores".

FMI

A questão do financiamento para as ações de corte de emissão e adaptação às mudanças climáticas inevitáveis é o maior impasse de Copenhague. O investidor bilionário George Soros apresentou ontem, na conferência, uma proposta para resolver o tema. Sua ideia é utilizar linhas de financiamento liberadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar países industrializados durante a crise econômica mundial e que acabaram não sendo acionadas. A sugestão recebeu apoio de ONGs ambientalistas.

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