Larissa Nascimento *
Luciney Araújo *
No programa Na Terra de Ajuricaba, do dia 16 de dezembro, o NCPAM colocou em pauta um tema polêmico e ao mesmo tempo fascinante, a proposta de se debater políticas públicas, pensamento religioso, estrutura e historicidade do Candomblé na Cidade de Manaus foi pauta de discussão do programa ao vivo pela TVUFAM NET- canal 7. Da mesa de discussão paticiparam o antropólogo e coordenador Ademir Ramos - apresentador do programa - mais o pesquisador do NCPAM Luciney Araújo e o Sacerdote de Mina Djèdjè Nagô Alberto Jorge.
Na abertura dos trabalhos, extraído da coletânea Cor da Cultura, foi apresentado um pequeno vídeo contando um pouco da mitologia nagô sobre a criação do mundo. Onde o mito surge para a explicação do caos, auxiliando o homem na ordenação do mundo de forma inteligente e dotado de significação.
No primeiro bloco do programa, um pouco da trajetória do negro na história do Amazonas foi contada, enfatizando a miopia acadêmica e política que existe sobre as pesquisas relacionadas ao tema, tanto que somente três monografias e uma dissertação de mestrado, abordando o candomblé no Amazonas foram produzidas no curso da Universidade Federal do Amazonas. Os estudos sobre religiões de matrizes africanos datam apenas do inicio do século XX, sendo que pesquisadores foram lembrados como é o caso do Sérgio e Mundicarmo Ferreti, Roger Bastide, Joana Elbein, Maria Elisa Erthal, Edson Carneiro, entre outros que se dedicaram a estudar as manifestações afro-religiosas no Brasil.
No contexto Amazonas, nomes como de Nunes Pereira e Chester Gabriel foram lembrado pelos pesquisadores como obras fundamentais na documentação do Candomblé e da Umbanda no Estado.
Alguns pontos litúrgicos foram citados, e ao mesmo tempo apresentados como mistérios da religião, como o fato de se fazer a roda no sentido contrario do relógio, na qual se busca a ancestralidade, sendo um dos pontos fundamentais das religiões africanas.
A visão do Candomblé como manifestação folclórica, bruxaria, charlatanismo e feitiçaria foram fatores que contribuíram para que essa manifestação ficasse na invisibilidade durante quase toda metade do século XX, resultando nas perseguições nos terreiros, nas casas de curas e pajelânça acusados de exercerem a medicina ilegalmente, contribuíram não apenas para um novo remodelamento da religião, mas fundamentalmente para que se desse o sincretismo com outros credos religiosos no Brasil.
Um dos fatos observado pelo Sacerdote Mina Djèdjè Nagô, é o desrespeito em que alguns membros da religião vem tendo com o Santo, o descompromisso com as tradições, o poder do dinheiro faz com que pessoas que não tenham completado os anos obrigatórios de uma iniciação passem a receber cargos e até mesmo abrirem novas casas de Candomblé.
Um dos pontos colocados pelo debatedor, foi o uso da terminologia Macumba, quando setores da sociedade classificam todas as manifestações afro-religiosas como Macumba e seus adeptos como Macumbeiros. Nesse ponto Luciney Araújo abordou que o termo Macumba é usado principalmente na Região Sudeste, nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, contextualizando um pouco da historia do surgimento da Umbanda, e ao mesmo tempo, Alberto Jorge exemplificou outras terminologias como Xangô, usado em Pernambuco e Alagoas, o Batuque no Rio Grande do Sul, o Tambor de Mina no Maranhão, o Catimbó no Ceará.
Nas políticas públicas, questões como cotas em universidades, demarcação de territórios quilombolas, políticas raciais ainda não são implementadas no Amazonas, como expressou Alberto Jorge - ganhamos uma Ferrari sem Gasolina - ao citar o descompromisso do poder publico com os negros e com suas tradições, citando com exemplo da falta de apoio no Dia da Consciência Negra.
Uma das propostas que está bastante avançada é o Mapeamento dos Pontos de Cultos Afro na Cidade de Manaus, que será em parceria com o projeto de cartografia social, nos moldes dos mapeamentos feitos em Recife, Salvador e Belém, tendo como principal objetivo a afirmação e a visibilidade das manifestações de culto afro na Cidade de Manaus.
Na Terra de Ajuricaba vai ao ar todas as quartas-feiras, às 19h com temas instigantes chamando para si a reflexão e análise dos problemas relativos à cultura, pesquisa & desenvolvimento e formulação de políticas púlbica na perspectiva da sustentabilidade das comunidades e sociedades urbanas. Nesta quarta (23), o programa vai debater estratégias do Desenvolvimento Comunitário referenciado nas práticas das organizações da Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste de Manaus, que atualmente sofre várias ondas de pressão e expansão que resultam na depredação do meio ambiente e na qualidade de vida de sua população.
* É Estudante de Ciências Sociais e Pesquisadora do NCPAM
* Luciney Araújo - Cientista Social e Pesquisador do NCPAM
Luciney Araújo *
No programa Na Terra de Ajuricaba, do dia 16 de dezembro, o NCPAM colocou em pauta um tema polêmico e ao mesmo tempo fascinante, a proposta de se debater políticas públicas, pensamento religioso, estrutura e historicidade do Candomblé na Cidade de Manaus foi pauta de discussão do programa ao vivo pela TVUFAM NET- canal 7. Da mesa de discussão paticiparam o antropólogo e coordenador Ademir Ramos - apresentador do programa - mais o pesquisador do NCPAM Luciney Araújo e o Sacerdote de Mina Djèdjè Nagô Alberto Jorge.
Na abertura dos trabalhos, extraído da coletânea Cor da Cultura, foi apresentado um pequeno vídeo contando um pouco da mitologia nagô sobre a criação do mundo. Onde o mito surge para a explicação do caos, auxiliando o homem na ordenação do mundo de forma inteligente e dotado de significação.
No primeiro bloco do programa, um pouco da trajetória do negro na história do Amazonas foi contada, enfatizando a miopia acadêmica e política que existe sobre as pesquisas relacionadas ao tema, tanto que somente três monografias e uma dissertação de mestrado, abordando o candomblé no Amazonas foram produzidas no curso da Universidade Federal do Amazonas. Os estudos sobre religiões de matrizes africanos datam apenas do inicio do século XX, sendo que pesquisadores foram lembrados como é o caso do Sérgio e Mundicarmo Ferreti, Roger Bastide, Joana Elbein, Maria Elisa Erthal, Edson Carneiro, entre outros que se dedicaram a estudar as manifestações afro-religiosas no Brasil.
No contexto Amazonas, nomes como de Nunes Pereira e Chester Gabriel foram lembrado pelos pesquisadores como obras fundamentais na documentação do Candomblé e da Umbanda no Estado.
Alguns pontos litúrgicos foram citados, e ao mesmo tempo apresentados como mistérios da religião, como o fato de se fazer a roda no sentido contrario do relógio, na qual se busca a ancestralidade, sendo um dos pontos fundamentais das religiões africanas.
A visão do Candomblé como manifestação folclórica, bruxaria, charlatanismo e feitiçaria foram fatores que contribuíram para que essa manifestação ficasse na invisibilidade durante quase toda metade do século XX, resultando nas perseguições nos terreiros, nas casas de curas e pajelânça acusados de exercerem a medicina ilegalmente, contribuíram não apenas para um novo remodelamento da religião, mas fundamentalmente para que se desse o sincretismo com outros credos religiosos no Brasil.
Um dos fatos observado pelo Sacerdote Mina Djèdjè Nagô, é o desrespeito em que alguns membros da religião vem tendo com o Santo, o descompromisso com as tradições, o poder do dinheiro faz com que pessoas que não tenham completado os anos obrigatórios de uma iniciação passem a receber cargos e até mesmo abrirem novas casas de Candomblé.
Um dos pontos colocados pelo debatedor, foi o uso da terminologia Macumba, quando setores da sociedade classificam todas as manifestações afro-religiosas como Macumba e seus adeptos como Macumbeiros. Nesse ponto Luciney Araújo abordou que o termo Macumba é usado principalmente na Região Sudeste, nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, contextualizando um pouco da historia do surgimento da Umbanda, e ao mesmo tempo, Alberto Jorge exemplificou outras terminologias como Xangô, usado em Pernambuco e Alagoas, o Batuque no Rio Grande do Sul, o Tambor de Mina no Maranhão, o Catimbó no Ceará.
Nas políticas públicas, questões como cotas em universidades, demarcação de territórios quilombolas, políticas raciais ainda não são implementadas no Amazonas, como expressou Alberto Jorge - ganhamos uma Ferrari sem Gasolina - ao citar o descompromisso do poder publico com os negros e com suas tradições, citando com exemplo da falta de apoio no Dia da Consciência Negra.
Uma das propostas que está bastante avançada é o Mapeamento dos Pontos de Cultos Afro na Cidade de Manaus, que será em parceria com o projeto de cartografia social, nos moldes dos mapeamentos feitos em Recife, Salvador e Belém, tendo como principal objetivo a afirmação e a visibilidade das manifestações de culto afro na Cidade de Manaus.
Na Terra de Ajuricaba vai ao ar todas as quartas-feiras, às 19h com temas instigantes chamando para si a reflexão e análise dos problemas relativos à cultura, pesquisa & desenvolvimento e formulação de políticas púlbica na perspectiva da sustentabilidade das comunidades e sociedades urbanas. Nesta quarta (23), o programa vai debater estratégias do Desenvolvimento Comunitário referenciado nas práticas das organizações da Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste de Manaus, que atualmente sofre várias ondas de pressão e expansão que resultam na depredação do meio ambiente e na qualidade de vida de sua população.
* É Estudante de Ciências Sociais e Pesquisadora do NCPAM
* Luciney Araújo - Cientista Social e Pesquisador do NCPAM
Nenhum comentário:
Postar um comentário