domingo, 20 de dezembro de 2009

O MUNDO DEPOIS DE COPENHAGUE


AS LIÇÕES DO FRACASSO

Enquanto o mundo todo esperava resultado da 15a Conferência das Partes signatárias da Convenção do Clima da ONU (COP-15), com o estabelecimento de metas factíveis para a redução das emissões de gases do efeito estufa e a formação de um fundo financeiro para apoiar os países emergentes em projetos ecosustentáveis, os líderes mundiais entregaram apenas uma genérica declaração política de intenções.

Foi muito pouco! A intransigência dos chefes de Estados Unidos e a China, levaram a COP-15 ao fracasso, isso é um fato inconteste. Além de defender posições ambientalmente insustentáveis, estes países frequentaram a conferência num claro estado de beligerância e desconfiança mútua.

Com o espírito de Barack Obama e Wen Jiabao armados para uma guerra que só vai prejudicar o muno, sobretudo as populações pobres que são as principais atingidas pelas mudanças climáticas, o reestabelecimento do diálogo ficou para 2010, quando inevitavelmente as condições climáticas estarão piores e possivelmente as políticas no mesmo patamar.

No que pertine a participação brasileira na conferência, louve-se a tentativa feita pelo presidente da República, que em conjunto com o colega francês, buscou até o último minuto mediar o debate não apenas entre EUA e China, mas entre os países ricos e os pobres. O gosto do presidente brasileiro, que não apenas reafirmou o compromisso de cortar as emissões usando recursos próprios, mas também se compometeu a contribuir para a formação do fundo financeiro, foi digno da melhor diplomacia e sinalizou a nova posição brasileira no jogo da ecologia mundial.

Espera-se agora, apesar do fracasso da COP-15, que o Governo do Brasil mantenha seus compromissos, faça a sua parte e contribua para a redução das emissões. Se o exemplo concreto foi visto por todos, quem sabe uma nova conferência seja capaz de mudar os rumos que os homens estão dando para o planeta.

Para o Amazonas, que está no centro da região que maior impacto pode sentir com o aquecimento global, também restaram lições a serem aprendidas. A mais importante delas é que não podemos esperar indefinidamente por ajuda externa. Devemos fazer a nossa parte agora e com os recursos que temos.

Fonte: Jornal A Crítica - Editorial (19/12)

VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO DE COPENHAGUE

A iniciativa americana batizada de Acordo de Copenhague foi a base para a Conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, apesar da oposição de vários países.

Veja abaixo os principais pontos do acordo.

STATUS LEGAL
O acordo, fechado entre Estados Unidos, Brasil, China, Índia e África do Sul, não faz referência a um tratado com valor legal e nem prevê um prazo para que o texto seja transformado em um tratado legal, como reivindicavam alguns países em desenvolvimentos e ambientalistas.

No entanto, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse que esta mudança de status precisa acontecer em 2010.

As 193 nações participando do encontro “tomaram nota” do documento, mas não o aprovaram, o que necessitaria do apoio unânime dos participantes. Ainda não está claro se o documento pode ser considerado um acordo formal da ONU.

AUMENTO DE TEMPERATURAS
O texto reconhece a necessidade de limitar o aumento das temperaturas globais a 2ºC acima dos níveis pré-industriais.

A linguagem no texto revela que 2ºC não é uma meta formal, mas que o grupo de países "reconhece a posição científica" de que a alta nas temperaturas deve ficar abaixo deste número.

No entanto, o acordo não identifica um ano de pico para as emissões de carbono, algo que gera oposição entre alguns países em desenvolvimento mais ricos.

Os países devem dizer até 1º de fevereiro de 2010 quais são suas propostas para cortar as emissões de carbono até 2020, mas o acordo não especifica punições para os países que fracassarem em cumprir suas promessas.

AJUDA FINANCEIRA
O acordo promete US$ 30 bilhões de ajuda para países em desenvolvimento nos próximos três anos. O texto também prevê o objetivo de oferecer US$ 100 bilhões por ano até 2020 para ajudar países pobres a lidar com os impactos da mudança climática.

O acordo diz que os países ricos devem juntos chegar aos US$ 100 bilhões e que o dinheiro deve vir de fontes variadas: "públicas e privadas, bilaterais e multilaterais, incluindo fontes alternativas de finanças".

Um fundo verde para o clima também será estabelecido pelo acordo. Ele vai financiar projetos em países em desenvolvimento relacionados a ações de mitigação (redução de emissões), adaptação, "construção de capacidade" e transferência de tecnologia.


TRANSPARÊNCIA NAS EMISSÕES
As promessas dos países ricos passarão por um exame detalhado segundo a Convenção sobre Mudança Climática das Nações Unidas (UNFCCC, na sigla em inglês).

Pelo acordo, países em desenvolvimento vão submeter propostas para cortar emissões segundo um método "que garanta que a soberania nacional seja respeitada".

REVISÃO DE AVANÇOS
A implementação do acordo de Copenhague será revista em 2015, cerca de um ano e meio após a próxima avaliação científica do clima global pelo IPCC, o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas.

No entanto, se em 2015 os participantes quiserem adotar uma nova meta, mais baixa, para o aumento da temperatura global, por exemplo 1,5ºC em vez de 2ºC, já seria tarde demais.

Fonte: BBC Brasil

Nenhum comentário: