domingo, 6 de dezembro de 2009

O PORTUGUÊS E O PAÍS DO FUTEBOL

Armando, que é português de uma província transmontana, vendo o barulho que a torcida do Flamengo fazia pelas ruas de Manaus nesse domingo (6), depois da vitória no Maracanã de dois a um em cima do tradicional Grêmio do Rio Grande do Sul, saiu-se com essa pérola: Ora, ora, como o Brasil é o País do futebol se no Amazonas não tem equipe disputando campeonato nem na primeira e nem na última divisão.

“A alegria dos Amazonenses é torcer pelos clubes do Rio de Janeiro. Esporte mesmo, só no passado, atualmente, funciona somente no papel pra tirar dinheiro do governo em troca de ganhos eleitoreiros”, conclui o transmontano.

Ademais, enquanto no Rio de Janeiro, o Flamengo é o mais querido das massas, aqui ele passa ser expressão de uma classe média que come jaraqui e arrota caviar, não quer dizer com isso que o povão não tenha paixão pelo clube vermelho e preto, mas se depender dos “almofadinhas” de Manaus o urubu vira peru, manifestando-se em falange organizadas fechadas em si mesma, convertendo a paixão popular em grande oportunidade de negócio no mercado dos bens simbólicos.

Tudo isso, ainda é pouco frente ao volumoso investimento que o Governo do Estado do Amazonas pretende fazer em preparação a Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, trata-se de um montante orçamentário de 6 (seis) bilhões de reais, verba pública destinada para realizações de empreendimentos privados. A começar pela detonação do Vivaldão, arena esportiva de pouco ou de nenhum uso nos últimos anos; bem como, a construção suspensa do monotrilho; investimento em novos equipamentos de hotelaria e outras arenas da construção civil porque é por esse trilho que a propina trafega para as cuecas, meias e outros suportes adaptados para esse fim.

A paixão do futebol no Brasil move vários interesses, ofuscando a racionalidade da maioria enquanto aprimora ainda mais as ferramentas dos oportunistas, sejam eles políticos, governantes ou operadores da lavanderia do narcotráfico, deixando o jogo do bicho pra trás. Bem, como diria os especialistas, é um negócio difuso e polissêmico que requer habilidade profissional, com toda certeza não é trabalho pra amador.

Beleza pura! O Maracanã em dia de decisão é prova cabal de que a economia do esporte está na participação efetiva das torcidas temperadas com muita paixão e pouca fortuna. Nesse ponto, o Armando tem toda razão, não adianta construir uma grande arena esportiva com equipamentos valiosos se não tem clubes e conseqüentemente paixão. Não havendo fiscalização, os beneficiários principais dessa façanha serão os parlamentares e gestores públicos corruptos em conluio com os grupos da construção civil a se apropriarem da fortuna popular, contrariando o interesse publico e o espírito desportista. No grito da geral essa armação chama-se “marmelada”.

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